Casos aconteceram em pleno Setembro Amarelo, mês voltado à prevenção ao suicídio; Sindicato reforça urgência de melhores condições de trabalho e de adoção de políticas públicas que favoreçam o bem-estar dos profissionais da Segurança
Manoela Cardozo Publicado em 11/10/2023, às 11h03
No Setembro Amarelo, mês dedicado à prevenção do suicídio, dois policiais civis tragicamente puseram um ponto final em suas vidas enquanto estavam em serviço, em menos de uma semana, nos escritórios de polícia onde atuavam.
Estes eventos ressaltam a necessidade urgente de abordar a saúde mental dos profissionais de segurança e melhorar as condições de trabalho no âmbito policial. O alerta foi emitido pelo Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp).
Em 29 de setembro, um delegado tirou sua própria vida na Seccional de Barretos-SP. Na semana anterior, um escrevente policial fez o mesmo durante o expediente no 3º Distrito Policial de Diadema-SP.
Suicídios entre policiais civis têm sido uma triste realidade por anos, mas nos últimos meses tornaram-se ainda mais frequentes, de acordo com a delegada Jacqueline Valadares, presidente do Sindpesp.
A delegada salientou que a atenção à saúde mental dos profissionais tem sido uma prioridade do sindicato por muito tempo.
“O Sindicato se solidariza com as famílias que perderam seus entes queridos, e com toda a instituição policial, que está entristecida e abalada com essas ocorrências. Os tristes episódios das últimas semanas mostram o quão adoecidos estão os profissionais que atuam na linha de frente contra o crime e para oferecer segurança à população. Tudo isso é preocupante”, destacou.
Em agosto deste ano, a Secretaria de Estado de Segurança Pública do Governo de São Paulo formou um grupo para estudar e criar um programa de apoio à saúde mental dos policiais do estado.
Jacqueline reconheceu a importância desse esforço, mas lamentou a falta de agilidade nas ações para evitar que mais policiais sofram com depressão e recorram ao suicídio.
“São situações como condição de trabalho precária, sobrecarga, pouco descanso, escalas exaustivas, salários pouco condizentes com os riscos da profissão e que levam muitos a buscarem meios adicionais de renda, como os bicos, além de ausência de lazer e de convívio com a família, só para citarmos algumas questões”, disse Jacqueline.
A delegada destacou que, em São Paulo, os policiais estão à beira do esgotamento mental devido a vários fatores, incluindo remuneração e estrutura: “É preciso que providências sejam implantadas com mais rapidez. Trata-se de um problema de saúde crônico, e que, portanto, exige a adoção de medidas urgentes - tão evidente quanto é a necessidade de se melhorar as condições de trabalho”.
O Sindpesp tem promovido diversas iniciativas para apoiar o bem-estar emocional de seus membros. Durante o Setembro Amarelo, a organização realizou campanhas, compartilhou informações sobre como buscar ajuda e estabeleceu parcerias com especialistas, disponibilizando profissionais que lidam com saúde física e mental para oferecer apoio aos policiais.
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