Adolescente de 17 anos realizou aplicação das facetas em junho deste ano, e desdeentão sofre com dores e problemas relacionados a aplicação
Alanis Ribeiro Publicado em 08/11/2024, às 12h04
Uma adolescente, de 17 anos, moradora de São Vicente, enfrenta sérias complicações após ter os dentes desgastados e desenvolver necrose pulpar e óssea (morte da polpa dentária e dos ossos) após a aplicação de lentes de resina feita por uma profissional não qualificada como dentista.
A jovem, que optou por manter o anonimato, relatou que foi apresentada à mulher por meio de seu pai, um pedreiro que trabalhava para a suposta profissional. Convencido pela popularidade do procedimento e por ser de classe humilde, ele decidiu presentear a filha com o tratamento estético, que foi avaliado em R$ 1 mil. No entanto, ele desconhecia a falta de qualificação da prestadora.
A advogada de Andreza Aline Gasparini Lima, a responsável pela aplicação das lentes, afirmou que sua cliente não se apresentou como dentista e é habilitada para o serviço. Porém, o Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) confirmou que ela não possui registro nos Conselhos Federal e Regional de Odontologia.
Além disso, o CROSP alertou que procedimentos como esse devem ser realizados exclusivamente por cirurgiões-dentistas em ambientes licenciados.
Após o procedimento realizado na residência de Andreza, em junho, três das lentes aplicadas se desprenderam em poucos dias. "Não conheço material de dentista, só sei que algumas coisas que ela estava usando pareciam muito com utensílios de manicure", disse Agatha, irmã da adolescente. "Falei para ela que parecia e ela disse que realmente parecia, mas que eram materiais profissionais", relatou ao G1.
A adolescente retornou ao local para a correção, mas novas complicações surgiram. Os dentes começaram a escurecer e apresentar infiltrações, causando dor na gengiva.
Preocupada, a jovem procurou atendimento odontológico especializado, alertada pela irmã, estudante de odontologia, para remover as lentes e tratar a inflamação gengival. Um relatório odontológico constatou danos significativos: desgaste dos dentes com necrose pulpar e óssea devido à má adaptação das facetas em resina, resultando em periodontite grave. O caso destaca a importância de realizar procedimentos odontológicos apenas com profissionais qualificados e registrados.
"Comprei um enxaguante bucal próprio para gengivite, que a dentista me recomendou, e estou tomando um remédio também", desabafou a adolescente. "Fiquei bem triste, né? Com 17 anos, estou com o dente assim, escuro e feio. É horrível", acrescentou.
Em resposta ao ocorrido, o CROSP reafirmou que apenas dentistas com registro ativo podem realizar tais intervenções e informou que Andreza Aline não possui registro em seus bancos de dados. O conselho ainda mencionou a possibilidade de notificar as autoridades competentes caso sejam verificadas infrações às normas vigentes.
A família da adolescente registrou um boletim de ocorrência online. Até o momento da publicação desta reportagem, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo não havia se pronunciado sobre o caso.
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