Porto Alegre

Justiça bloqueia contrato milionário da Prefeitura de Porto Alegre

Tribunal de Justiça suspende licitação por critérios ilegais, beneficiando Hapvida

Prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo não poderá assinar contrato - Imagem: Reprodução / Guilherme Almeida / CP Memória
Prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo não poderá assinar contrato - Imagem: Reprodução / Guilherme Almeida / CP Memória

Jair Viana Publicado em 02/08/2024, às 10h18


O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul suspendeu a contratação da Doctor Clin pela Prefeitura de Porto Alegre. A licitação foi considerada ilegal por exigir critérios incompatíveis com a regra. A decisão favoreceu a assistência médica da Hapvida, que mesmo apresentando o menor preço e o maior desconto, foi desclassificada.

A licitação teve resultado antecipado pelo Diário de São Paulo no dia 23 de julho, apontando a Doctor Clin como provável vencedora. A Prefeitura pretendia contratar a empresa que apresentou valor R$ 2 milhões superior ao do Centro Clínico Gaúcho (CCG).

CRITÉRIO ILEGAL

O desembargador Miguel Ângelo da Silva entendeu que o Índice Geral de Reclamações e a Taxa de Resolutividade não são critérios aplicáveis ao modelo de licitação. O critério, como ficou provado na ata da licitação, afastou várias concorrentes do certame. Em sua decisão, Miguel Ângelo escreveu que o uso do critério "não é arrazoado".

Com a decisão desta quinta-feira (1), fica suspenso o efeito da licitação, no caso, a assinatura de contrato com a Doctor Clin. O CCG deve ser recontratado. A empresa já atendia a demanda dos servidores municipais. O desembargador manifestou sua preocupação com o gasto do dinheiro público em meio à calamidade pública decretada no município.

ESTADO DE CALAMIDADE

O prefeito Sebastião Melo (MDB), em pleno estado de calamidade e com os cofres quase vazios, rescindiu um contrato de assistência médica aos servidores no valor de R$ 42 milhões anuais por outro, sem licitação, que vai custar R$ 43 milhões por seis meses. O caso causa indignação nos servidores que alegam não haver necessidade da troca. A cidade ainda depende de ajuda enviada de todas as regiões do país.

VALORES

O Centro Clínico Gaúcho apresentou proposta financeira de R$ 41.312.035,52, enquanto a vencedora recebeu R$ 43.268.021,41. A prefeitura preferiu fechar com o maior preço. Ainda cabem medidas na Justiça para tentar reverter a decisão da Secretaria de Administração e Patrimônio de Porto Alegre.

ANTECIPOU

O Diário de São Paulo, em reportagem do último dia 23, antecipou que a Doctor Clin seria a vencedora de uma licitação para a contratação de um novo plano de saúde para atender aos servidores públicos, realizada pela Prefeitura de Porto Alegre (RS). O jornal acertou.

Nesta segunda-feira (29), a Prefeitura divulgou a empresa como vencedora do certame, com um valor de quase R$ 2 milhões mais caro que a Hapvida, que foi excluída da disputa. O Ministério Público deu 15 dias para que o prefeito Sebastião Melo (MDB) explique tudo.

POLÊMICA

A polêmica sobre a contratação de novo plano de saúde surgiu com a rescisão do contrato com o Centro Clínico Gaúcho, empresa da Assistência Médica que prestava serviço há um ano. O prefeito Sebastião Melo decidiu contratar outro plano de saúde em regime emergencial. O CCG foi impedido de participar da disputa.

MP INVESTIGA

O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) abriu um procedimento para investigar porque o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), prefere pagar R$ 43 milhões em um plano de saúde por apenas seis meses e não R$ 41 milhões para a Hapvida. O caso está com a promotora Roberta Brenner de Moraes.

Nesta segunda, ao tomar conhecimento da ata da licitação e da reportagem que antecipava o nome da Doctor Clin como provável vencedora, mandou notificar o prefeito e deu 15 dias para que ele explique o que aconteceu.

Com a decisão desta quinta-feira (1), fica suspenso o efeito da licitação, no caso, a assinatura de contrato com a Doctor Clin. O Centro Clínico Gaúcho deve ser contratado para atender a demanda dos servidores municipais.

OUTRO LADO

A Prefeitura de Porto Alegre e sua assessoria de imprensa foram procuradas para falar da decisão do TJ, mas não responderam. Se houver manifestação, o texto será atualizado.