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Mico-leão-da-cara-preta, que não existe em zoos, ganha 'casas' para sobreviver

Com menos de 400 indivíduos, o mico-leão-da-cara-preta enfrenta risco de extinção e não é encontrado em zoológicos

Um projeto de preservação no Parque Estadual Lagamar visa proteger e aumentar a população do mico ameaçado - Foto: Fundação Florestal
Um projeto de preservação no Parque Estadual Lagamar visa proteger e aumentar a população do mico ameaçado - Foto: Fundação Florestal

Gabriel Nubile Publicado em 29/10/2025, às 10h05


Uma corrida contra o tempo está acontecendo em Cananéia para salvar um dos primatas mais ameaçados do mundo: o mico-leão-da-cara-preta. Com menos de 400 indivíduos restantes na natureza, a situação da espécie é tão crítica que ela não é encontrada em nenhum zoológico do planeta. Se ela desaparecer da região, estará extinta para sempre.

Esse mico, também chamado de mico-leão-caiçara, é um animal exclusivo da Mata Atlântica e só existe em uma faixa muito pequena de terra, entre o litoral sul de São Paulo (em Cananéia) e o norte do Paraná. Por conta desse risco enorme, um projeto de preservação está em andamento no Parque Estadual Lagamar, em Cananéia, para tentar proteger os animais e estimular o aumento da população.

A ação mais recente do projeto aconteceu na última sexta-feira (24). Monitores ambientais, que já trabalham nesse programa de proteção há dois anos, começaram a instalar ninhos artificiais no meio da mata.

Como funcionam as "casinhas" dos micos?

Esses ninhos não são colocados de qualquer jeito. Nesta primeira etapa, a equipe instalou cinco "casas" novas. Os monitores primeiro vasculharam a mata para achar o local ideal, cercado por árvores nativas, que são as que os micos mais gostam. As caixas são instaladas a cerca de 4 metros de altura do chão, para manter os animais seguros.

Antes de fechar o ninho, os monitores forram o interior com folhas secas da própria floresta, para deixar o ambiente mais quentinho e confortável. A ideia é que essas caixas funcionem como um "dormitório" seguro para os micos.

Segundo a equipe da Fundação Florestal, essa proteção é muito importante porque a região é bastante fria, com muita chuva e vento, e os ninhos artificiais oferecem um abrigo mais protegido. Para saber se os micos vão gostar da nova vizinhança, uma câmera também foi instalada para filmar a movimentação e registrar os novos moradores. Os animais serão monitorados por 30 a 60 dias para ver se a tática deu certo.

Monitoramento com antena

Além dos ninhos, os monitores já acompanham a rotina dos micos há algum tempo. Eles usam uma antena especial para captar o som de rádio-colares, colocados em dois grupos de micos há um ano. Com esse equipamento, a equipe consegue caminhar pelas trilhas e localizar onde os animais estão, entendendo melhor seu comportamento e ajudando a protegê-los.