Greve

Portuários realizam ato em Santos

O ato é por conta de um terceirização proposta pela Câmara de Deputados

Portuários realizam ato em Santos - Imagem: Reprodução/ Ricardo Bufolin/ Minfra
Portuários realizam ato em Santos - Imagem: Reprodução/ Ricardo Bufolin/ Minfra

Maria Clara Campanini Publicado em 01/11/2024, às 15h36


Em uma reviravolta controversa no setor portuário brasileiro, um anteprojeto que propõe a terceirização dos serviços nos cais, sem compensação financeira ou programa de demissão voluntária para trabalhadores avulsos, foi apresentado por uma comissão convocada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP/AL). Esta proposta também visa eliminar quatro categorias profissionais nos portos nacionais: conferentes de carga e descarga, vigias portuários, trabalhadores de bloco e consertadores.

A medida provocou indignação entre os trabalhadores portuários, que se mobilizaram em massa. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Portuários de Santos (Sintraport), Miro Machado, destacou a gravidade do momento e a necessidade de ação coletiva. "Estamos enfrentando o pior cenário dos últimos anos, com tentativas de nos eliminar sem qualquer indenização. É hora de nos unirmos e agirmos além das redes sociais", afirmou.

Um ato de protesto reuniu cerca de 300 trabalhadores em frente à Prefeitura de Santos por volta das 10 horas. As mudanças propostas no anteprojeto ameaçam diretamente cerca de sete mil trabalhadores apenas no Porto de Santos. Bruno José dos Santos, líder do Sindicato dos Estivadores de Santos, São Vicente, Cubatão e Guarujá, enfatizou a importância da unidade entre os trabalhadores: "Eles pretendem tomar todas as decisões sem nossa participação. Precisamos estar unidos para enfrentar essa situação."

A assembleia unificada organizada pela Unidade Portuária, que congrega oito sindicatos, contou com o apoio de entidades representativas de diversas categorias profissionais. Entre elas, o Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens da Baixada Santista e do Vale do Ribeira (Sindicam), cujo presidente, Luciano Santos, alertou: "Hoje são os direitos de vocês que estão em jogo; amanhã podem ser os nossos."

Everandy Cirino, presidente do Sindicato dos Empregados na Administração Portuária (Sindaport) e uma figura proeminente no Porto há décadas, criticou severamente as mudanças propostas. Ele instou os sindicatos a organizarem caravanas para Brasília e incentivou os trabalhadores a pressionarem parlamentares da região, incluindo Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), Rosana Valle (PL) e Alberto Mourão (MDB).

O ato também teve a presença de outros sindicatos ligados à Força Sindical, como o Sindicato dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem e dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Serviços de Saúde da Baixada Santista (Sintrasaúde) e o Sindicato dos Trabalhadores Municipais da Estância Balneária de Praia Grande. Além disso, o Sindicato dos Operadores em Aparelhos Guindastescos e Equipamentos Transportadores (Sindogeesp) e o Sindicato dos Trabalhadores no Comércio de Minérios e Derivados (Sindminérios) marcaram presença para demonstrar solidariedade à causa dos portuários.