Guarujá

Professora espancada por mãe de aluna busca justiça e processa agressora

O caso aconteceu no Guarujá, a professora foi surpreendida com socos e puxões de cabelo

Professora espancada por mãe de aluna busca justiça e processa agressora - Imagem: Reprodução/ g1
Professora espancada por mãe de aluna busca justiça e processa agressora - Imagem: Reprodução/ g1

Maria Clara Campanini Publicado em 19/09/2024, às 11h57


A professora do Guarujá, litoral de São Paulo, que foi espancada por mãe de aluna do 2º ano do fundamental vai processar a agressora e a prefeitura da cidade. A agressão foi em frente à escola municipal Valéria Cristina Vieira da Cruz Silva, no bairro Morrinhos.

Em conversa com g1, advogado, Airton Sinto, que defende a professora Amanda dos Santos Monteiro, disse que o caso foi registrado como lesão corporal. Airton ainda deseja que a professora responda por tentativa de homicídio, ameaça e injúria.

"No momento da sequência das agressões, ela [vítima] foi xingada e ameaçada de morte pela agressora, isso consta no BO e nós, como assistente de acusação junto com o Ministério Público, vamos provar isso durante a instrução processual", falou.

O crime é configurado agressão por conta da gravidade das lesões, segundo o advogado "A gente aguarda o retorno do exame do Instituto Médico Legal (IML) para constatar porque houve lesões graves, inclusive, com fratura do nariz".

A prefeitura é responsável pois não comunicou a professora sobre o teor da conversa que levou com a mãe da aluna na unidade de ensino "Isso não foi passado à professora. Essa omissão impediu que ela tomasse cautela em relação a sua integridade física e até sua vida".

Por ter uma menor de idade envolvida, a defesa explica que é preciso ter cautelas baseadas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o advogado deseja que a menina seja ouvida por um juiz.

"Ouvir a criança para saber o motivo, o que ela falava à mãe para ela tomar essa atitude extrema em relação à professora", falou o advogado.

A Prefeitura de Guarujá, disse em nota, que não foi notificada sobre o processo. E completou dizendo que a Secretaria Municipal da Educação (Seduc) está a disposição para dar qualquer esclarecimento.

Defesa da mãe

O advogado da mãe da aluna, Silvano José de Almeida, falou que a criança reclamava que a professora a chamava de burra em frente a sala toda "Que ela não aprendia nada e alguns alunos começaram a debochar dela nos intervalos".

Segundo Silvano, a mãe fez uma reclamação na escola, porém, nada foi feito. Quando agrediu a professora estava voltando do Seduc, onde tinha registrado uma nova queixa "Quando ela estava voltando para casa, foi à escola e acabou encontrando com a professora".

O advogado disse que teve uma troca de insultos entre as duas, momento onde começaram a brigar "A escola, por não ter tomado as providências necessárias, levou a todos esses [problemas], mas tudo será esclarecido nos próximos dias".

A agressão

A briga ocorreu no dia 10 de setembro, em frente a escola. No dia, a professora Amanda, tinha finalizado o seu turno e esperava uma carona para ir embora, quando foi surpreendida pela mãe da aluna, de 34 anos.

"Ela surgiu por trás sem que eu esperasse. Eu não tive tempo de reação nenhuma. Começou a me desferir vários golpes, puxar o meu cabelo, dar chute, me xingar. Me jogou no chão e começou a me dar muito chute e muito soco. Eu gritei muito por socorro, mas o pessoal ficou olhando”, relatou.

A vítima demorou para reconhecer a agressora, só descobriu que era quando a mulher começou a gritar sobre a filha.

[Eu] não me mexia. Eu realmente achei que eu ia ficar ali naquele chão, esticada. Então, depois de um tempo, alguém segurou ela e eu consegui voltar para a escola, entrar e pedir socorro. [...] E eu não sei como eu saí disso, não sei como eu estou viva”, falou a profissional.

Segundo a professora, à agressora já tinha ido até a escola fazer ameaças e pedir a transferência da menina. A escola fez o que a mãe pediu “Ela falava que a filha não queria ir para a escola porque eu estava perseguindo, porque eu cobrava demais a menina, mas isso nunca existiu. A mãe criou uma fantasia”, falou Amanda.

De acordo com a profissional, a mãe ficou brava após Amanda fazer um relatório sobre a quantidade de faltas da criança “A mãe, sempre muito hostil, sempre muito agressiva, criou toda essa história de perseguição, ia na escola para me ameaçar. O que a direção da escola fez foi tentar tirar a menina trocando sala para resolver”,detalhou..

Ferimentos

Amanda acabou com o nariz fraturado e outras lesões no corpo, porém, o que mais a marcou foi o trauma psicológico “Muita dor, muita revolta. Estou destruída, o meu emocional está quebrado”, falou.

No dia seguinte a agressão, a professora registrou um boletim de ocorrência (bo). De acordo com a Secretária de Segurança Pública (SSP-SP), o caso foi registrado no 1º DP do Guarujá como lesão corporal, injúria e ameaça.