Economia

Taxa de Juros e Conflitos no Oriente Médio Freiam Queda da Incerteza Econômica

Índice da FGV mantém-se estável em setembro, interrompendo três meses de queda

Taxa de Juros e Conflitos no Oriente Médio Freiam Queda da Incerteza Econômica - Imagem: Reprodução/Freepik
Taxa de Juros e Conflitos no Oriente Médio Freiam Queda da Incerteza Econômica - Imagem: Reprodução/Freepik

Maria Clara Campanini Publicado em 30/09/2024, às 13h33


As recentes discussões sobre a taxa de juros no Brasil, juntamente com a escalada dos conflitos no Oriente Médio, interromperam a trajetória de queda do Índice de Incerteza Econômica, conforme mensurado pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV). O índice, que vinha registrando quedas consecutivas há três meses, manteve-se estável em 107,8 pontos em setembro, o mesmo nível observado em agosto, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (30).

O Índice de Incerteza Econômica é uma medida composta por dois componentes principais: mídia e expectativa. O componente mídia avalia a frequência de menções à incerteza econômica em jornais e sites de notícias, enquanto o componente expectativa considera previsões econômicas relacionadas a taxa de câmbio, juros e inflação feitas por analistas do mercado.

Em setembro, o componente mídia apresentou uma leve redução de 0,1 ponto, enquanto o componente expectativa registrou um aumento equivalente, resultando na estabilidade do índice geral.

Em maio deste ano, o índice estava em 112,9 pontos e vinha caindo gradualmente até alcançar o nível atual. Vale ressaltar que quanto menor o valor do indicador, menor a incerteza econômica. O valor mais baixo registrado ocorreu em dezembro de 2000, com 83,6 pontos. Já o pico histórico foi atingido em abril de 2020, durante o auge da pandemia de covid-19, quando chegou a 210,5 pontos.

O índice registrado em setembro é o segundo menor desde abril de 2024 (106,5 pontos). Segundo a economista Anna Carolina Gouveia da FGV, valores abaixo de 110 pontos são considerados uma "região de incerteza moderada".

"A análise dos dados diários revelou uma tendência de queda no indicador até meados do mês, possivelmente impulsionada pelos resultados positivos da atividade econômica. Contudo, na segunda quinzena, houve um aumento devido às discussões sobre a política monetária futura e ao agravamento dos conflitos no Oriente Médio", explicou Gouveia no comunicado divulgado.

Cenário Atual

No dia 18 de setembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou um aumento na taxa Selic em 0,25 ponto percentual, elevando a taxa básica de juros para 10,75% ao ano. Este foi o primeiro ajuste desde agosto de 2022.

Paralelamente, no cenário internacional, as ofensivas israelenses contra o Hezbollah no Líbano destacaram-se como eventos significativos durante o mês. É importante mencionar que os dados coletados pela FGV são referentes ao período entre os dias 26 do mês anterior e 25 do mês atual. Portanto, o assassinato do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, ocorrido no dia 28 de setembro, ainda não influenciou o índice divulgado pela FGV.

Esses acontecimentos sublinham a complexidade das forças que moldam a percepção econômica e demonstram como eventos tanto locais quanto globais podem impactar significativamente a confiança econômica no Brasil.