Padrasto da criança, João Victor, também foi condenado, mas permanece foragido, com mandado de prisão ativo
Gabriella Souza Publicado em 04/12/2025, às 08h19
A Polícia Civil de Praia Grande conseguiu prender Ketlyn Di Cris Sampaio Vieira, uma mulher condenada a uma pena de nove anos e quatro meses de prisão. O motivo da sentença é o crime de tortura contra a própria filha, que na época tinha apenas seis meses de idade. A prisão aconteceu na manhã de terça-feira (2), em uma residência no bairro Trevo, durante o cumprimento de um mandado de prisão que estava ativo desde outubro de 2025.
Essa não foi a primeira vez que Ketlyn foi detida. Em março de 2021, logo após o ocorrido, ela chegou a ser presa em flagrante. Contudo, acabou sendo colocada em liberdade por uma decisão judicial. A situação mudou em outubro de 2025, quando o mandado para sua captura foi emitido. Ela, que tem 28 anos, foi levada ao 3º Distrito Policial da cidade para o registro da ocorrência como captura de procurada, conforme informações da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP).
Padrasto é foragido
O parceiro de Ketlyn e padrasto da menina, João Victor Calazans do Carmo, também foi julgado e condenado à mesma pena pela participação nas agressões. Entretanto, ele continua sendo procurado pelas autoridades. De acordo com o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), João Victor ainda não foi encontrado e seu mandado de prisão segue ativo. A Justiça determina que ambos cumpram a pena em regime fechado inicialmente.
Apesar da prisão, a detida passou por uma audiência de custódia na quarta-feira (3). Nessa ocasião, o Tribunal de Justiça informou que não foram encontradas falhas na prisão e a mulher permanece presa. A reportagem tentou buscar contato com o advogado ou defensor do casal, mas não obteve retorno até a última atualização.
Relembre o que aconteceu com a criança
O caso veio à tona em março de 2021. Na ocasião, a mãe e o padrasto levaram o bebê a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em Praia Grande, alegando que os machucados na criança teriam sido causados por uma queda.
Ferimentos graves: A equipe médica que atendeu a bebê rapidamente percebeu que havia algo muito errado. Exames detalhados mostraram que a menina tinha um ferimento na clavícula e seis fraturas recentes nas costelas.
Sinais antigos de lesão: Além dos ferimentos novos, os médicos observaram um "calo ósseo" na clavícula, um sinal claro de que a lesão nesse local já havia ocorrido há mais de um mês. Isso levantou sérias suspeitas na equipe de saúde.
Comportamento suspeito: Um conselheiro tutelar foi chamado e ouviu da médica que as lesões não poderiam ter vindo de uma simples queda. A profissional notou que o casal demonstrava um comportamento estranho e inconsistente.
Diante das evidências, a Polícia Civil foi acionada. A mãe foi confrontada e chegou a sugerir que o ferimento da filha poderia ter sido causado por um apertão muito forte e sem querer. No entanto, com base no laudo pericial feito pelo Instituto Médico Legal (IML) e nos depoimentos dos profissionais de saúde, o delegado responsável decidiu pela prisão em flagrante da dupla por tortura.
Decisão da justiça
Apesar de presos no início, o casal foi solto após conseguir um alvará em julho de 2021. Em setembro de 2024, o juiz Vinicius de Toledo Piza Peluso, da 1ª Vara Criminal de Praia Grande, deu a sentença em primeira instância, condenando-os a mais de nove anos de cadeia. A decisão também tirou de Ketlyn o poder familiar sobre a vítima.
A defesa recorreu da decisão, mas a 8ª Câmara de Direito Criminal do TJ-SP manteve a condenação em janeiro de 2025, de forma unânime. O desembargador Juscelino Batista, relator do recurso, enfatizou que as agressões estavam comprovadas por laudos, fotos e testemunhos, destacando que a criança sofreu ferimentos intensos "sem qualquer explicação razoável por parte" dos pais. Foi a partir dessa decisão de segunda instância que os mandados de prisão foram emitidos, dez meses depois, em outubro de 2025.