JUSTIÇA

Vereadores de Ubatuba são investigados por esquema de desvio de verbas públicas

Três dos investigados foram indiciados pela Polícia Civil do Estado

A esquerda Junior "JR", no meio Josué "D'Menor" e a direita Eugênio Zwibelberg - Imagem: Reprodução/Redes sociais
A esquerda Junior "JR", no meio Josué "D'Menor" e a direita Eugênio Zwibelberg - Imagem: Reprodução/Redes sociais

Alanis Ribeiro Publicado em 01/10/2024, às 10h28


A Polícia Civil do Estado de São Paulo indiciou três vereadores de Ubatuba, no litoral norte do estado, por suspeita de envolvimento em um esquema de desvio de verbas conhecido como "rachadinhas" em seus respectivos gabinetes na Câmara Municipal. Segundo o jornal Metrópoles, o inquérito, que ficou marcado por ameaças e pelo assassinato de um ex-assessor protegido, trouxe à tona uma série de irregularidades graves.

Os parlamentares acusados são Eugênio Zwibelberg (Avante), presidente da Câmara; José Roberto Campos Monteiro Júnior, conhecido como Junior Jr (Podemos), vice-presidente; e Josué D Menor (Podemos), segundo secretário. Além deles, outros cinco assessores, incluindo indivíduos próximos e familiares dos vereadores, também foram implicados no esquema.

O delegado Tiago Fernando Correa relatou em documentos oficiais que os vereadores "operavam em seus gabinetes uma estrutura criminosa com o intuito claro de desviar recursos públicos por meio da exigência ilícita de repasse de parte dos salários dos servidores comissionados".

Durante a investigação, foi revelado que funcionários indicados pelos vereadores para cargos nas secretarias da Prefeitura de Ubatuba também eram obrigados a devolver parte de seus salários. Depoimentos minuciosos de testemunhas protegidas confirmaram essas práticas coercitivas.

Histórico de testemunhas

Segundo o Metrópoles, em agosto de 2023, Willian Germano da Silva foi assassinado enquanto estava sob proteção policial. Ele havia confessado realizar entregas de dinheiro vivo na Câmara Municipal e relatou que sua esposa, também comissionada, era forçada a devolver parte do salário.

Os repasses ilícitos beneficiaram diretamente Junior Jr. Germano foi encontrado morto com sinais de espancamento e as mãos amarradas. A Polícia Civil apontou que ele já havia sido ameaçado por um colaborador próximo do vereador.

A investigação sobre a morte de Germano segue em andamento, sendo a principal hipótese a de que ele teria sido sequestrado por um grupo que pretendia usar seu carro para raptar um empresário, descartando a motivação política para o crime.


Particularidades emergiram durante a apuração: uma assessora de Josué D Menor relatou que ele exigia parte dos salários sob o pretexto de financiar "trabalho social". No entanto, servidores afirmaram que D Menor passou a ostentar veículos luxuosos, realizar viagens caras e adquirir imóveis em áreas nobres da cidade, além de frequentar bares e estar sempre rodeado de mulheres.

Depoimentos também indicam que Eugênio Zwibelberg não tolerava insubordinação e perseguia aqueles que se recusavam a participar dos esquemas ilícitos. Uma das testemunhas relatou temer pela própria vida diante das ameaças do vereador.

Procurada pela reportagem do Metrópoles para comentar as acusações, a assessoria da Câmara Municipal de Ubatuba não respondeu até o momento da publicação desta matéria. O espaço permanece aberto para eventuais manifestações dos parlamentares envolvidos.