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Você sabe o que é? 'Pescoços-de-ganso' aparecem em boia e chamam atenção em Praia Grande

Conheça as características das cracas e a importância de sua identificação para evitar riscos à saúde

Descubra a relação das cracas com a gastronomia e por que a espécie encontrada na Praia Grande não é comestível - Foto: Hebe Gomes Dorado
Descubra a relação das cracas com a gastronomia e por que a espécie encontrada na Praia Grande não é comestível - Foto: Hebe Gomes Dorado

Gabriel Nubile Publicado em 18/09/2025, às 10h06


Uma caminhada matinal de rotina na praia do Canto do Forte, em Praia Grande, se transformou em um momento de pura emoção e descoberta para a professora aposentada Hebe Gomes Dorado, de 75 anos. Moradora da cidade há 60 anos, ela foi surpreendida por uma cena que nunca havia visto antes: uma boia que havia chegado à areia estava completamente coberta por um grupo de criaturas marinhas estranhas e fascinantes, que se moviam de forma curiosa.

O registro foi feito por volta das 6h30 da manhã de quarta-feira. Acostumada a caminhar pela orla e a fotografar as belezas do mar, Hebe não pensou duas vezes e pegou o celular para filmar os animais. "Eu fiquei emocionada na hora que vi os bichinhos se mexendo e saindo de dentro da casquinha. Que sensação fantástica. Eu senti Deus tão forte ali", contou ao g1 a professora, maravilhada com a descoberta que a natureza lhe proporcionou naquele dia.

Que bicho é esse?

As criaturas misteriosas que despertaram tanta curiosidade são, na verdade, uma espécie de crustáceo marinho conhecida como lepas anatifera, ou, popularmente, como "craca-de-pescoço-de-ganso". Apesar do nome popular, elas não têm nenhuma relação com gansos, mas seu formato peculiar, com um longo pedúnculo flexível e uma concha na ponta, lembra vagamente o pescoço de uma ave.

O corpo desses animais é dividido em duas partes principais. A primeira é esse "pescoço" (pedúnculo), uma estrutura flexível e muito forte que a craca usa para se prender firmemente a objetos que flutuam no mar, como pedaços de madeira, cascos de navios e até em animais maiores, como tartarugas. A outra parte é a concha (capítulo), coberta por placas brancas, onde ficam seus órgãos e de onde saem pequenas estruturas que usam para filtrar a água e capturar seu alimento.

Ver esses animais na areia da praia não é algo que acontece todo dia. Isso porque eles são organismos pelágicos, ou seja, vivem em alto-mar, à deriva no oceano. Sua aparição no litoral geralmente ocorre após períodos de mar agitado, quando ventos e correntes marítimas fortes empurram os objetos flutuantes, com as cracas "de carona", até a costa.

Uma curiosidade é que alguns tipos de cracas-de-pescoço-de-ganso são comestíveis e considerados uma iguaria cara em países como Espanha e Portugal, onde são chamados de "percebes". No entanto, é importante saber que a espécie encontrada em Praia Grande não é recomendada para consumo, sendo fundamental a identificação correta para garantir a segurança.