Ministério Público de São Paulo acusa parlamentar de agredir e perseguir a ex-esposa, a comunicadora Cíntia Chagas, e pede sua prisão preventiva
Redação Publicado em 24/10/2025, às 20h47
O Ministério Público de São Paulo apresentou denúncia contra o deputado estadual Lucas Bove (PL), acusado de lesão corporal, perseguição e descumprimento de medidas protetivas em um caso que envolve sua ex-esposa, a escritora e influenciadora Cíntia Chagas. O órgão também pediu a prisão preventiva do parlamentar, sob o argumento de que ele teria ignorado decisões judiciais que determinavam o afastamento da vítima.
Segundo o MP, as investigações reuniram provas consistentes de que o deputado manteve comportamentos abusivos e tentou retomar contato mesmo após ser proibido judicialmente. A denúncia foi protocolada na última quinta-feira (23) e agora será analisada pelo Tribunal de Justiça.
“O caso demonstra desrespeito reiterado às decisões da Justiça e risco concreto à integridade da vítima”, aponta trecho da denúncia.
O episódio tem origem em 2024, quando Cíntia Chagas registrou boletim de ocorrência relatando violência física, psicológica e ameaças. A Justiça concedeu medidas protetivas de urgência, determinando o afastamento imediato de Bove.
Apesar disso, o Ministério Público afirma que o parlamentar voltou a procurá-la de forma indireta, o que motivou o pedido de prisão.
Pela Lei Maria da Penha, o descumprimento de medida protetiva é crime, e a pena pode chegar a três anos de detenção, com agravantes em casos de reincidência.
A denúncia provocou forte repercussão na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Grupos de defesa das mulheres cobram que o deputado seja afastado das funções parlamentares até a conclusão do processo.
Para especialistas em ética pública, o episódio abalou a credibilidade da Casa e reforça a necessidade de respostas institucionais rápidas.
“A violência praticada por quem deveria proteger as leis agride não só a vítima, mas também o papel que o cargo representa”, afirmou uma pesquisadora da USP ouvida pela reportagem.
A defesa de Lucas Bove nega as acusações e diz que o processo sofre de “exposição midiática indevida”. O advogado do parlamentar sustenta que não há provas de agressão física e que o deputado “tem colaborado com todas as etapas da investigação”.
O caso reacende um debate maior sobre violência de gênero e responsabilidade pública. Organizações civis lembram que autoridades eleitas têm o dever de representar valores éticos e respeitosos, especialmente em situações que envolvem violência doméstica.
Enquanto a Justiça decide sobre o pedido de prisão preventiva, o caso de Lucas Bove se torna um símbolo da urgência em punir abusos praticados dentro das instituições, reafirmando que nenhum cargo público concede imunidade moral ou legal diante da violência.