Daniel Ferraz enfrentou acusações de participação em quadrilha, mas foi absolvido por falta de provas concretas
Gabriella Souza Publicado em 30/10/2025, às 08h18
O influenciador Daniel Ferraz, morador de Guarujá, foi declarado inocente pela Justiça de São Paulo das acusações de ter tentado participar de um grande furto e de fazer parte de uma quadrilha organizada. A decisão veio porque o juiz entendeu que não havia provas suficientes para condená-lo.
Essa absolvição se refere a um caso que chamou muita atenção em outubro de 2017: a descoberta de um túnel gigantesco que estava sendo construído para chegar ao principal cofre do Banco do Brasil, na Zona Sul de São Paulo. Na época, a polícia disse que os criminosos tinham a meta de levar cerca de R$ 1 bilhão. O delegado responsável pelas investigações chegou a dizer que "seria o maior assalto do mundo".
A história do túnel e prisão
O local da escavação, no bairro Chácara Santo Antônio, em São Paulo, foi encontrado pelas autoridades em 2 de outubro de 2017. Na ocasião, 16 pessoas foram presas em uma casa usada como base, onde fabricavam as ferramentas necessárias para cavar. Daniel Ferraz, porém, não foi detido naquele momento.
Sua prisão aconteceu apenas em 2020 e foi um pouco inusitada. A Polícia Civil estava investigando um roubo a uma casa em Perdizes, também na capital paulista, quando chegou à residência de uma mulher que tinha recebido um PIX de uma das vítimas do assalto. Acontece que essa suspeita era ex-namorada de Daniel.
A mulher alegou aos policiais que uma arma encontrada em sua casa pertencia ao influenciador. Mesmo negando ser o dono do objeto, Daniel passou quase dois meses na cadeia porque foi reconhecido pelas vítimas do roubo. No fim, ele também foi absolvido dessas acusações por falta de provas, assim como ocorreu no caso do túnel.
A acusação de participação na tentativa de assalto ao banco surgiu por uma suposta coincidência de DNA. O advogado de Daniel, Marcos Jesuino Junior, contou que uma luva foi achada na casa onde houve o roubo, em Perdizes.
As autoridades usaram esse material e o compararam com uma escova de dentes que havia sido encontrada dentro do túnel do banco. O resultado do exame indicou uma chance superior a 99,9% de compatibilidade genética.
"Eles atribuíram a Daniel a posse da luva e, por isso, ele passou a ser acusado de participar da maior [tentativa de] roubo a banco da história do país... Um match genético que estava errado", afirmou o advogado.
Decisão do juiz
No dia 23 de outubro, o juiz Guilherme Eduardo Martins Kellner, da 2ª Vara de Crimes da Capital, rejeitou o pedido de condenação feito pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) e absolveu Daniel.
Na sua explicação, o magistrado deixou claro que a acusação do MP-SP se baseou apenas nessa coincidência genética de um material que veio de outro caso (o roubo a residência), do qual Daniel já tinha sido inocentado. O juiz enfatizou que a prova de que a luva era realmente de Daniel não era suficiente para condená-lo.
O juiz ressaltou que, mesmo que o exame de DNA aponte uma chance alta de compatibilidade, ele não pode ser a única prova para uma condenação, ainda mais quando o material genético encontrado não foi comparado diretamente com o DNA do próprio investigado.