Economia

Intenção de consumo no Brasil apresentou uma queda em setembro

A CNC registrou nesta segunda uma queda de 0,3%

Intenção de consumo no Brasil caiu em setembro - Imagem: Reprodução/ Tânia Rego/ Agência Brasil
Intenção de consumo no Brasil caiu em setembro - Imagem: Reprodução/ Tânia Rego/ Agência Brasil

Maria Clara Campanini Publicado em 24/09/2024, às 15h42


A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) divulgou, nesta segunda-feira (23), que a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) registrou uma queda de 0,3% em setembro. O recuo é atribuído a uma piora na percepção sobre a perspectiva profissional, que diminuiu 0,4%, e ao acesso ao crédito, que caiu 1,3% no mesmo período.

A pesquisa da CNC revelou que a redução mais expressiva ocorreu entre famílias de maior renda e o público masculino, cujas percepções sobre o mercado de trabalho e o consumo futuro se deterioraram. Mesmo assim, o ICF manteve-se em 103,1 pontos, acima do nível de satisfação e apenas ligeiramente abaixo do pico de 104,1 pontos registrado em março deste ano. O texto conta com informações da Agência Brasil.

Apesar da melhora de 0,4% na avaliação do emprego atual, sinais de desaceleração na criação de postos de trabalho e incertezas econômicas levaram a uma retração na perspectiva profissional. José Roberto Tadros, presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, ressaltou que as famílias ainda demonstram cautela quanto ao futuro. "O saldo positivo no mercado de trabalho anima os consumidores no curto prazo, mas a cautela quanto ao futuro permanece", afirmou em nota.

O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de julho também mostrou um aumento no volume de assalariados, com um crescimento acumulado de 3,9% nos últimos 12 meses.

No setor de crédito, o cenário foi influenciado pela maior pressão inflacionária e pelas incertezas fiscais, resultando em uma retração de 1,3% no subindicador que avalia a satisfação com o acesso ao crédito. A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), também da CNC, indicou que o número de famílias incapazes de honrar suas dívidas aumentou em agosto. Isso impactou negativamente a avaliação do momento para compra de bens duráveis, que apresentou queda de 1%.

Felipe Tavares, economista-chefe da CNC, observou que o ambiente mais desafiador para o crédito tornou o mercado menos acessível. "Com o aumento da inadimplência e as dificuldades no crédito, especialmente entre famílias com renda mais alta, houve uma retração significativa na intenção de consumo", analisou.

Segundo a ICF, a intenção de consumo das famílias com renda superior a 10 salários mínimos recuou 0,8% em setembro. Entre as famílias de menor renda, a queda foi de 0,2%. A perspectiva de consumo também sofreu uma retração maior nas famílias com renda elevada (2,5%), em comparação às famílias com menor renda (0,6%). No indicador referente ao emprego atual, houve queda de 0,3% entre as famílias mais ricas e aumento de 0,8% entre as famílias com menor renda.

A análise por gênero mostrou que as mulheres lideraram na intenção de consumo anual com um aumento de 1,6%, enquanto os homens apresentaram uma retração de 0,3%. No indicador de satisfação com o emprego atual, houve um crescimento significativo entre as mulheres (3,3%) comparado aos homens (0,3%). Em relação à perspectiva profissional, a queda foi mais acentuada entre os homens (5,4%) do que entre as mulheres (2,4%).

No quesito acesso ao crédito em setembro comparado ao ano anterior, as mulheres registraram um avanço de 1,7%, enquanto os homens tiveram uma queda de 0,2%. Esse resultado pode ser explicado pelo aumento das dificuldades dos homens em amortizar suas dívidas. A Peic apontou que isso contribuiu para uma queda na perspectiva de consumo entre os homens (4,2%), contra uma retração menor entre as mulheres (2,6%). "Esse cenário reflete um mercado ligeiramente mais favorável para as mulheres no tocante ao trabalho e crédito", concluiu Felipe Tavares.