Demissão em Massa

Prejuízo de R$1,672 bilhão leva Yara a interromper operações em fábricas de fertilizantes

Yara oferece pacote de benefícios aos demitidos, mas sindicato destaca que compensações não substituem a perda do emprego

A empresa planeja iniciar produção de amônia renovável em dezembro, mantendo a possibilidade de reabertura futura das operações. - Imagem: Reprodução/ Yara
A empresa planeja iniciar produção de amônia renovável em dezembro, mantendo a possibilidade de reabertura futura das operações. - Imagem: Reprodução/ Yara

Alanis Ribeiro Publicado em 14/02/2025, às 10h44


A Yara, renomada empresa norueguesa do setor de fertilizantes, anunciou na terça-feira (11) a interrupção das atividades de produção de fertilizantes fosfatados e ácido sulfúrico em suas fábricas de Cubatão e Paulínia, no estado de São Paulo. A decisão, classificada pela companhia como "hibernação", está prevista para durar até o final deste ano e resultará na demissão de 219 funcionários diretos na unidade de Cubatão, além de um número indeterminado de trabalhadores terceirizados.

Essa medida foi tomada após a Yara reportar um prejuízo líquido significativo de US$ 290 milhões (equivalente a R$ 1,672 bilhão) no último trimestre de 2023. A empresa justificou a ação como parte de um amplo programa de redução de custos e investimentos, que soma US$ 150 milhões (aproximadamente R$ 865 milhões), visando tornar suas operações mais sustentáveis a longo prazo.

Ainda assim, a Yara garantiu que a produção de nitrogenados nas unidades 1 e 2 em Cubatão seguirá normalmente, assim como as operações na unidade 5, dedicada à mistura. Por outro lado, as unidades 3 e as plantas de fosfatados da unidade 2 passarão pelo processo de hibernação.

Em resposta a essa situação crítica, a Prefeitura de Cubatão organizou uma reunião com representantes da Yara para discutir as consequências das demissões e explorar alternativas que possam minimizar os impactos econômicos locais. O fechamento das unidades não afeta apenas os postos de trabalho; também tem implicações significativas para a economia da cidade, que é fortemente influenciada pelo mercado internacional.

No que diz respeito aos trabalhadores que serão demitidos, a Yara informou que está oferecendo um pacote adicional de benefícios além dos direitos legais garantidos. O Sindicato dos Químicos da Baixada Santista confirmou que os resultados das negociações superaram as exigências legais, embora tenha enfatizado que nenhuma compensação substitui a perda do emprego após anos de dedicação dos colaboradores.

A Yara ressaltou ainda que o foco da hibernação está em concentrar esforços em operações sustentáveis, priorizando a produção de nitrogenados e desenvolvendo soluções com baixo carbono e práticas agrícolas regenerativas. A companhia também anunciou o início da produção de amônia renovável em sua unidade de Cubatão no próximo mês de dezembro, reafirmando a importância estratégica da cidade para suas operações no Brasil.

A empresa se comprometeu a considerar as melhores opções para o uso dos ativos hibernados, mantendo aberta a possibilidade de reabertura das operações caso o cenário econômico melhore no futuro. Nesse contexto, o diálogo contínuo entre governo, empresa e sindicatos será crucial para atenuar os efeitos adversos decorrentes dessa decisão.