COBRANÇA

Ratos infestam orla de Praia Grande e ameaçam a saúde pública

Moradores, comerciantes e turistas denunciam aumento da presença de roedores e cobram providências das autoridades

Ratos na orla da praia - Imagem; Reprodução/ Redes Sociais
Ratos na orla da praia - Imagem; Reprodução/ Redes Sociais

Lívia Gennari Publicado em 03/03/2025, às 16h01


Nas últimas semanas, populares têm denunciado através de vídeos nas redes sociais um problema ponderoso na orla das praias da cidade de Praia Grande. As imagens mostram vários ratos andando no calçadão, sobre os bancos e também na areia, o que gerou indignação entre moradores e turistas. A situação tem sido tão alarmante que a cidade já ganhou um apelido inusitado nas redes sociais: "Ratolândia". 

Infelizmente, a presença dos roedores tem se tornado cada vez mais comum, principalmente no período da noite. Os roedores são vistos principalmente nas regiões próximas a quiosques, calçadões e pontos de descarte de lixo, levantando alertas para riscos à saúde pública e possíveis impactos no turismo.

“Os ratos invadem a praia e tomam um espaço que deveria servir como lazer para nós cidadãos”, desabafou Tauan Souza, morador.

Residentes ouvidos pela reportagem, relataram que a infestação piorou nos últimos meses, fazendo com que alguns deixassem de frequentar a praia. 

“Faz muito tempo que não vou à praia porque tenho medo de me contaminar na areia. Tenho uma filha de 1 ano que não posso levar na praia por causa dos ratos que ficam espalhados na areia e não são recolhidos pelo trator de limpeza”, relatou Wictoria, que mora no bairro Vila Mirim. 

Do ponto de vista técnico

De acordo com um especialista ouvido pelo Diário, a proliferação de ratos está ligada ao descarte irregular de resíduos.

”Se o descarte de resíduos for feito de forma inadequada, pode se tornar um forte fator para esses animais se estabelecerem na região, pois haverão recursos mais acessíveis à eles. A coleta seletiva, é um fator que está diretamente ligado ao crescimento populacional dessa espécie, pois se a coleta não for feita regularmente e descartada em local adequado, o acúmulo de resíduos sólidos pode fornecer abrigo e alimentos para os ratos, facilitando a reprodução e o crescimento populacional na região”, explica o biólogo Jader Costa. 

O especialista ainda esclarece que o clima também pode vir a ser um agente que favorece a propagação dos animais pela orla da praia. 

“Com o aumento da temperatura, os roedores tendem a se reproduzir em massa, justamente para manter sua espécie. Com isso, buscam, cada vez mais, outros locais para procurar comida e abrigo, indo para areia da praia, calçadões e locais próximo a lixeiras e comércios, a fim de procurar um ambiente que providencie e supra todas as suas necessidades”.

Risco à saúde pública

Além do incômodo visual e do impacto negativo em várias esferas, também há um alerta para os riscos que a presença dos roedores apresentam à saúde pública, já que esses animais são vetores de diversas mazelas altamente graves.

“O rato pode causar diversas doenças nos seres humanos, como: Leptospirose, Hantavirose, Salmonelose, Peste bubônica, Tifo murino, Febre por mordedura de rato.. Portanto, estamos diante de um problema muito sério que engloba a saúde pública, pois a contaminação pode causar invalidez e até mesmo levar a óbito”, explica Jader, biólogo. 

O impacto no turismo

Além do risco sanitário, a infestação pode impactar negativamente o turismo local. Imagens e relatos sobre a presença de roedores podem afastar visitantes, prejudicando a reputação da cidade como destino turístico. 

O comércio, especialmente quiosques, restaurantes, bares e hotéis também pode ser afetado pela queda no fluxo de turistas.

Além, é claro, de prejudicar diretamente os comerciantes que atuam na areia da praia, como os carrinheiros e ambulantes, por exemplo. 

“É uma situação muito ruim, porque nós vivemos do turismo da cidade e com essa situação acabamos perdendo cliente", afirmou uma carrinheira que não quis se identificar. 

Os eventos ao ar livre podem ser comprometidos, principalmente aqueles que são realizados na orla da praia, assim reduzindo as atividades que atraem visitantes à cidade. E outro ponto importante a ser observado é a possível desvalorização imobiliária, já que o turismo influencia diretamente a valorização das propriedades e aluguéis da região.

O que diz a Prefeitura

O Diário entrou em contato com a Prefeitura de Praia Grande, pedindo um posicionamento sobre o caso. O órgão informou que está reforçando as ações contra os roedores, mas que o município também precisa se conscientizar com relação ao descarte irregular de lixo. 

Segue a nota oficial: 

A Prefeitura de Praia Grande informa que iniciou um reforço nas ações de desratização, que é o processo de eliminação e contenção de roedores.

A Cidade também realiza a limpeza e recolhimento de lixo das praias e dos bairros diariamente e vai monitorar o caso citado.

Mesmo com as ações, o Município precisa da participação da população, que deve colaborar evitando jogar lixo nas áreas públicas. Essa ação indevida acaba colaborando para a proliferação de pragas urbanas e roedores._

O Diário seguirá acompanhando o caso e as ações que, segundo a Prefeitura, serão implementadas para solucionar o problema.