Após seis anos desde o atentado, o julgamento será realizado nesta quarta-feira (30)
Alanis Ribeiro Publicado em 30/10/2024, às 09h38
Após mais de seis anos do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista, Anderson Gomes, os réus, os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, enfrentarão julgamento no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro a partir desta quarta-feira (30). O Ministério Público busca uma condenação exemplar, com penas que podem chegar a 84 anos para cada um dos acusados.
Relembre o caso
Em 14 de março de 2018, Marielle Franco foi assassinada em um ataque a tiros enquanto estava em seu carro, resultando na morte do motorista. O crime ocorreu na região central do Rio de Janeiro e teve grande repercussão nacional e internacional. Após investigações minuciosas, Lessa e Queiroz foram identificados como os responsáveis pelo ato brutal.
Detalhes do júri
O julgamento ocorrerá no 4º Tribunal do Júri, no centro do Rio, com início previsto para as 9h. O procedimento deve se estender por dois dias, durante os quais nove testemunhas serão ouvidas: sete indicadas pelo Ministério Público e duas pela defesa de Lessa. A defesa de Élcio Queiroz optou por não apresentar testemunhas.
Os réus participarão do julgamento por videoconferência a partir dos presídios onde estão detidos. O Conselho de Sentença será composto por 21 cidadãos, dos quais sete serão sorteados para deliberar sobre a culpabilidade dos acusados. A juíza Lúcia Glioche será responsável por determinar as penas, caso os réus sejam considerados culpados.
Acusações e consequências
Lessa e Queiroz enfrentam acusações de duplo homicídio triplamente qualificado e tentativa de homicídio contra Fernanda Chaves, assessora de Marielle que sobreviveu ao atentado. Eles também são acusados pela receptação do veículo utilizado no crime. O Ministério Público sustenta que as ações foram premeditadas e realizadas com frieza e estratégia militar.
Acordo de acordo
Os réus firmaram acordos de delação premiada que podem reduzir suas penas. Élcio Queiroz poderia cumprir até 12 anos em regime fechado, enquanto Ronnie Lessa enfrentaria até 18 anos, considerando o tempo já cumprido desde suas prisões em março de 2019.
InvestigaçãoParalela
O caso também provocou um embate jurídico sobre a competência para seu julgamento. Enquanto o Tribunal de Justiça do Rio conduz o julgamento dos executores confessos, o Supremo Tribunal Federal analisa a suposta participação de figuras políticas apontadas nas delações como mandantes do crime.
A execução de Marielle Franco gerou um clamor por justiça que ressoa até hoje. Seus familiares e apoiadores veem o julgamento como um passo crucial para responsabilizar os culpados e prevenir futuros atos violentos contra defensores dos direitos humanos no Brasil.
Quem é Ronnie Lessa?
Ronnie Lessa é um ex-policial militar do 9º Batalhão (Rocha Miranda), conhecido por sua atuação em operações de repressão ao tráfico de drogas e por ser um bom atirador. Em 2009, ele foi afastado da Polícia Militar após sofrer um atentado a bomba. Lessa se envolveu em atividades ilegais, como extorsão e milícias na Zona Oeste do Rio. Ele é acusado do assassinato da vereadora Marielle Franco e do ex-policial André Zóio.
Quem é Élcio Queiroz?
Élcio Vieira de Queiroz, também ex-policial militar, foi expulso da corporação em 2015 por envolvimento em atividades ilegais, como segurança clandestina em casas de jogos. Ele tinha vínculos com milícias e foi alvo da Operação Guilhotina, que investigou corrupção nas forças de segurança. Élcio era parceiro de Ronnie Lessa e participou do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes.
O que os dois disseram em delação?
Pontos ditos por Lessa:
Motivação do crime: Marielle era vista como um obstáculo para loteamentos irregulares na Zona Oeste.
- nfiltração: Um miliciano infiltrado no PSOL alertou sobre a oposição de Marielle.
- Mandantes: Apontou os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão como mandantes do crime.
- Recompensa: Em troca da execução, receberiam terrenos que poderiam gerar até R$ 25 milhões.
- Monitoramento: Marielle foi vigiada por três meses antes do crime.
- Execução: O crime ocorreu após Marielle ser seguida a um bar, não próximo à Câmara dos Vereadores por instrução do delegado Rivaldo Barbosa.
- Dificuldades logísticas: A localização de Marielle dificultou a execução do plano.
- Pós-crime: Após o assassinato, Lessa foi a um restaurante para evitar suspeitas.
Pontos ditos por Élcio:
- Confissão: Élcio admitiu o crime pela primeira vez.
- Autor dos disparos: Ronnie Lessa foi o responsável pelos tiros.
- Papel de Élcio: Ele dirigiu o carro que seguiu Marielle na noite do crime.
- Arma utilizada: A arma foi desviada do Bope após um incêndio.
- Intermediário: Edmílson Oliveira da Silva, conhecido como Macalé, passou a missão a Lessa.
- Auel: O ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa fez a vigilância e participaria da emboscada, mas foi trocado por Élcio.
- Placa do carro: Lessa adulterou a placa do veículo usado.
- Trajeto: Após o crime, o carro seguiu para Rocha Miranda e foi estacionado lá.
- Destruição: No dia seguinte, Lessa, Élcio e Suel buscaram o carro e deixaram com Edilson Barbosa dos Santos, que desmontou o veículo.
Marielle Franco deixou um legado que transcende sua atuação política. Sua morte destaca a urgência em abordar questões sociais críticas no Brasil e reforça aMas importância da proteção aos defensores dos direitos humanos.
Leia também
"Aberrações": discurso de vereadora de SP sobre comunidade LGBT causa onda de protestos
Idoso é atropelado por trem em Cubatão e permanece em estado crítico na UTI
"Poupançudos" estão de volta: Caixa Econômica lança nova campanha de poupança
Baep apreende grande quantidade de drogas em São Vicente
Mulher é atingida no rosto por azulejo dentro de ônibus em São Vicente
Trabalhadores da Cetesb podem entrar em greve na Baixada e Vale do Ribeira na próxima terça
Tarifa de 50% anunciada por Trump coloca consulados brasileiros nos EUA em apuros
Mulher é atingida no rosto por azulejo dentro de ônibus em São Vicente
Bebida e mar: duas vítimas são socorridas em estado grave após afogamento em Mongaguá
Baep apreende grande quantidade de drogas em São Vicente