Tiro que matou criança de quatro anos partiu de policial; indica coronel

No Morro São Bento, em Santos, litoral de São Paulo, um trágico incidente ocorreu na noite de quarta-feira (5), resultando na morte de Ryan da Silva Andrade Santos, uma criança de apenas quatro anos. O menino foi atingido por um disparo no abdômen enquanto brincava na calçada em frente à residência de uma parente. A bala fatal é suspeita de ter sido disparada por um policial militar, conforme indicou o coronel Emerson Massera, porta-voz da Polícia Militar.

Durante uma coletiva de imprensa realizada na quinta-feira (6), o coronel Massera afirmou que, com base em uma análise preliminar dos eventos e da dinâmica do ocorrido, há indícios de que o tiro tenha partido de um policial militar. Contudo, ele ressaltou que a confirmação definitiva virá somente após a conclusão do laudo pericial.

O episódio violento não afetou apenas Ryan. Outros dois adolescentes, com idades de 15 e 17 anos, também foram baleados durante o confronto entre os policiais e supostos criminosos. O adolescente mais velho não resistiu aos ferimentos e faleceu, enquanto o mais jovem permanece hospitalizado sob vigilância policial. Além disso, uma mulher de 24 anos foi atingida de raspão.

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O confronto teve início quando equipes da Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas (Rocam) realizavam patrulhamento de rotina nas proximidades das ruas São Sérgio e São Fernando. Cerca de dez indivíduos suspeitos foram avistados, alguns deles em motocicletas. Ao perceberem a presença dos agentes, os suspeitos fugiram para uma área conhecida pelo tráfico de drogas, o que desencadeou uma troca de tiros.

Os policiais relataram que os suspeitos abriram fogo primeiro, forçando-os a revidar e solicitar reforços. Uma segunda equipe da PM conseguiu interceptar parte do grupo criminoso em outra área do morro, onde se deu nova troca de disparos.

As autoridades informaram que três motocicletas foram apreendidas durante a operação, sendo uma delas produto de furto. Também foram recolhidos armamentos e um radiocomunicador no local.

O coronel Massera enfatizou que os policiais agiram em legítima defesa diante da agressão dos suspeitos armados e lamentou profundamente a morte do menino Ryan. "Embora os policiais tenham atuado para proteger suas próprias vidas contra ataques criminosos, é com pesar que enfrentamos as consequências trágicas deste episódio", declarou.

A Secretaria da Segurança Pública confirmou o afastamento dos sete policiais envolvidos na ação até que as investigações sejam concluídas.

Este caso trouxe à tona memórias dolorosas para a família de Ryan, já que seu pai, Leonel Andrade Santos, também perdeu a vida em circunstâncias violentas durante a Operação Verão no início deste ano. Ele foi morto em um confronto com a Polícia Militar após ter supostamente apontado armas para os agentes durante uma operação relacionada ao tráfico de drogas.

O duplo luto vivenciado pela família acentua ainda mais a complexidade e a gravidade das circunstâncias em torno das operações policiais em áreas vulneráveis como o Morro São Bento.