Estudantes relatam goteiras, mofo e riscos de acidentes, comprometendo a saúde e o aprendizado na instituição
Lívia Gennari Publicado em 22/02/2025, às 10h40
A forte chuva que atingiu o litoral de São Paulo na última terça-feira (18) escancarou mais uma vez os problemas estruturais de uma escola municipal no Guarujá. Segundo informações do Diário de São Paulo, vídeos divulgados por ex e atuais alunos nas redes sociais mostram salas de aula e corredores completamente alagados, reflexo da falta de manutenção da unidade.
"Toda vez que chove a escola alaga, e ficou consideravelmente pior com o passar dos anos", afirma Luana Agria, ex-aluna da instituição.
Diante do risco, os alunos foram dispensados após um alerta da Defesa Civil, mas essa não é a regra. De acordo com estudantes, em outros episódios de alagamento as aulas foram mantidas, mesmo com a água invadindo as dependências da escola.
Goteiras, mofo e risco de acidentes
Além dos alagamentos, os alunos denunciam rachaduras nas paredes, goteiras constantes e mofo dentro das salas de aula, o que compromete a qualidade do ensino e a saúde dos estudantes. "O teto tem infiltrações, e em dias de chuva temos que estudar pulando poças d’água e desviando das goteiras", relata Renan, estudante do período noturno.
A umidade constante também tem causado danos aos equipamentos escolares e até afetado a respiração dos alunos. "Uma vez tivemos que interromper a aula porque muitos colegas começaram a tossir sem parar por causa do mofo", lembra Larissa, ex-aluna da unidade em exclusiva ao Diário.
Outro problema apontado pelos estudantes é o risco de quedas. Com o piso escorregadio, já houve casos de professores e alunos que se acidentaram. "Uma professora caiu e machucou o punho ao escorregar no corredor", relata um estudante.
Promessas de reforma não saem do papel
Os problemas estruturais da escola se arrastam há mais de duas décadas, e, apesar das inúmeras promessas de reforma, pouco foi feito. Segundo informações do Diário de São Paulo, um processo licitatório para a reforma do telhado foi anunciado pela Secretaria de Educação do Guarujá (SEDUC) em abril de 2024, mas até o momento nenhuma obra foi iniciada.
Em maio do ano passado, vereadores do município tentaram aprovar requerimentos para a reforma do prédio, mas os pedidos foram rejeitados pela administração pública. Agora, o vereador Wagner dos Santos Venuto (PRD), conhecido como Waguinho Fé em Deus, promete retomar a discussão.
"Já estivemos reunidos com a Secretaria de Educação e colocamos essa demanda como prioridade. Confiamos que a nova gestão do prefeito Farid Madi irá solucionar o problema", declarou o parlamentar ao Diário.
Uma escola essencial para a comunidade
A Escola Municipal Primeiro de Maio é a única da rede pública municipal que oferece ensino técnico gratuito, sendo essencial para a formação de jovens na cidade. Apesar das dificuldades, ex-alunos reconhecem a importância da unidade e cobram medidas urgentes para que os estudantes atuais tenham condições dignas de aprendizado.
"Mesmo com todos os problemas, essa escola foi fundamental na minha vida. Mas é inaceitável que os alunos de hoje tenham que passar por isso", desabafa Luana Agria.
Outro Lado
A Prefeitura de Guarujá, por meio da Secretaria de Educação, informa que tem ciência das péssimas condições estruturais não apenas da Escola 1º de Maio, como também de outras unidades escolares.
A licitação mencionada pela reportagem para o telhado do 1º de Maio não foi levada a cabo pela última gestão, bem como não há, no orçamento atual, qualquer previsão para reformas em qualquer unidade escolar. Vale lembrar que a última escola construída em Guarujá foi entregue em 2008, último ano de gestão do atual prefeito.
Por conta do cenário de abandono que a administração do prefeito Farid Madi encontrou na Educação – e também em outras áreas essenciais como a Saúde - a nova gestão de Guarujá decidiu elaborar um grande plano de reformas estruturantes para os próprios municipais, onde o 1º de Maio é prioridade. Os editais de licitação devem ser publicados em breve.
A nova gestão informa também que vai mudar a estratégia de manutenção dos equipamentos públicos, que ao longo dos últimos 16 anos não passaram por nenhuma reforma estruturante, apenas por pequenos reparos, “maquiagens” que se acumularam e resultaram no péssimo estado de conservação das nossas escolas e na queda da qualidade de ensino refletida nas notas do Ideb. Guarujá tem hoje 13 escolas com quadras esportivas interditadas, algumas há 4 anos, sem que nenhuma previsão de reforma fosse concretizada.
No caso específico da Escola Municipal 1º de Maio, o secretário de Educação, Mohamad Abdul Haim, informa que a nova gestão de Guarujá pretende transformá-lo no primeiro Instituto Federal da cidade. “As tratativas com o Governo Federal estão avançadas e temos confiança de que o instituto será um dos marcos de uma mudança profunda na Educação em nosso município”. Além da futura nova unidade, nos planos da gestão, segundo o secretário, estão a recuperação estrutural das escolas, investimentos nas APM´s e em equipamentos digitais de auxílio à Educação, além da retomada do Programada de Formação Continuada dos Professores, que estava desativado desde a década passada na cidade.
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