Meio Ambiente

Animais resgatados de incêndios em SP começam a ser reintroduzidos na natureza

Tamanduá-mirim e furão resgatados das queimadas vão retornar ao habitat após meses de reabilitação em centros especializados

Animais resgatados de incêndios em SP começam a ser reintroduzidos na natureza - Imagem: Reprodução/ Agência SP
Animais resgatados de incêndios em SP começam a ser reintroduzidos na natureza - Imagem: Reprodução/ Agência SP

Maria Clara Campanini Publicado em 02/10/2024, às 13h40


Desde o início dos incêndios florestais que assolam o interior paulista no dia 24 de agosto, os primeiros animais resgatados começam a ser reintroduzidos na natureza. Na última sexta-feira (25), um tamanduá-mirim foi libertado na região de Ribeirão Preto, marcando o segundo retorno bem-sucedido após a soltura de um furão reabilitado em São Roque.

As queimadas resultaram no resgate de 94 animais, que foram encaminhados a centros especializados para tratamento e recuperação, estabelecidos pelo Governo do Estado. Desses, 53 não resistiram aos ferimentos, enquanto dois já foram reintegrados ao seu habitat natural. O restante continua em recuperação intensiva.

Devido à gravidade das queimaduras sofridas por muitos dos animais, o processo de reabilitação é demorado. O tamanduá-mirim, por exemplo, passou mais de um mês em tratamento antes de ser liberado. Em casos mais severos, as lesões podem inviabilizar o retorno à vida selvagem.

A operação de resgate e tratamento é realizada em 26 unidades distribuídas pelo estado, coordenadas pelo Departamento de Fauna Silvestre da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil) do Estado de São Paulo. Esta iniciativa faz parte das ações emergenciais do gabinete de crise instituído pelo governo estadual para combater os incêndios.

Isabella Saraiva, diretora do Departamento de Fauna Silvestre, ressaltou a importância da colaboração entre as unidades da rede: "A prontidão das unidades autorizadas em oferecer suporte é crucial. Os atendimentos realizados por especialistas aumentam significativamente as chances de recuperação e reintegração dos animais à natureza."

O tamanduá-mirim libertado recentemente foi encontrado em uma estrada entre Ribeirão Preto e Dumond no dia 27 de agosto. Após receber os primeiros socorros em uma clínica veterinária, ele foi transferido para o Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetras) Morro de São Bento, em Ribeirão Preto. "Quando chegou aqui, ele estava com as patas queimadas e extremamente desidratado. A felicidade de vê-lo recuperado e devolvê-lo à natureza é indescritível", declarou Alexandre Gouvêa, zootecnista responsável.

Apelidado carinhosamente de Bentinho pela equipe do Cetras, o tamanduá foi solto nas margens do Rio Pardo, em uma área protegida. Ao sair da caixa de transporte, subiu rapidamente em uma árvore e olhou para seus cuidadores como se estivesse agradecendo. "Foi emocionante ver que ele manteve seu comportamento selvagem", acrescentou Gouvêa.

Na próxima semana, um macaco-prego e uma paca, ambos totalmente reabilitados no Cetras-Ribeirão, também serão liberados na natureza. As equipes permanecem em alerta contínuo para resgatar e tratar diversos animais silvestres afetados pelos incêndios, incluindo cobras, lagartos, gambás, onças-pardas, cachorros-do-mato, gatos-do-mato, gaviões e outras aves.

Orientações à População

A população deve evitar tentar resgatar animais feridos por conta própria. O recomendado é contatar a Polícia Militar Ambiental (190), Corpo de Bombeiros (193) ou Guarda Municipal para obter ajuda especializada. Clínicas veterinárias não especializadas devem encaminhar animais silvestres para unidades autorizadas do Cetras.