GUERRA

Brasileira tenta escapar de ataques no Líbano enquanto procura ajuda para voltar ao Brasil

Natural de Juquiá, família brasileira busca abrigo percorrendo diferentes regiões do país

Mãe de cinco filhos relata medo e dificuldade em encontrar abrigo enquanto aguarda repatriação para o Brasil - Imagem: Reprodução / g1 / Arquivo pessoal
Mãe de cinco filhos relata medo e dificuldade em encontrar abrigo enquanto aguarda repatriação para o Brasil - Imagem: Reprodução / g1 / Arquivo pessoal

Sabrina Oliveira Publicado em 05/10/2024, às 08h46


A guerra no Líbano, marcada pela intensificação dos conflitos entre Israel e o grupo Hezbollah, tem obrigado milhares de pessoas a deixarem suas casas. Entre os afetados, está Amany Cheaito, uma brasileira de 30 anos que vive no país há quase uma década. Mãe de cinco filhos, Amany conta como a vida se tornou um ciclo de fuga e incertezas, sem qualquer perspectiva de paz.

Desde o início dos ataques em 2023, a família de Amany já passou por três cidades libanesas na tentativa de escapar das explosões e encontrar um lugar seguro. "Não tem para onde ir. Cada dia que passa, o medo cresce. A cada estrondo, meus filhos se agarram a mim, e eu não sei como acalmá-los", desabafa.

Nascida em Juquiá, no interior de São Paulo, Amany se mudou para o Líbano em 2015 com seu marido e filhos, estabelecendo-se na cidade de Deir Antar, no sul do país. Contudo, a relativa tranquilidade dessa pequena cidade foi abalada no final de 2023, quando os bombardeios na região fronteiriça entre Israel e Líbano começaram a se intensificar. "No início, eu dizia para as crianças que os estrondos eram fogos de artifício, mas eles começaram a entender que era algo muito mais grave", relata a mãe.

A situação se agravou a ponto de a família precisar abandonar Deir Antar. O destino foi Beirute, a capital libanesa, onde acreditavam que os ataques não chegariam. "Achamos que estaríamos seguros na capital, mas logo percebemos que não havia lugar protegido. Beirute também foi alvo."

Após dias de tensão e explosões em áreas civis da capital, Amany decidiu partir novamente. "Nós acordamos com as janelas tremendo por conta das explosões. Aquilo não era vida para as crianças. Decidimos ir para o norte, mas nunca sabemos quando o próximo ataque vai acontecer", conta.

O deslocamento trouxe ainda mais desafios. Em cada cidade, o medo se misturava à frustração. Escolas foram fechadas, comércios paralisados, e a vida diária das famílias ficou praticamente destruída. Os filhos de Amany perderam o ano escolar, e a rotina deles se transformou em uma constante busca por abrigo e segurança.

O cenário devastador no Líbano fez Amany e sua família se inscreverem no programa de repatriação da Força Aérea Brasileira (FAB). A esperança é voltar ao Brasil e deixar para trás a realidade de um país devastado pela guerra. "Eu só quero proteger meus filhos. Não aguento mais viver com o coração na mão a cada vez que um avião passa", diz Amany, emocionada.

Apesar de já estarem cadastrados no plano de repatriação, a situação no Líbano dificulta a saída imediata. Os bombardeios se intensificaram, e muitos brasileiros aguardam uma oportunidade para fugir do país. "A gente não consegue se desligar do medo. Cada dia que passa, parece que estamos mais distantes de encontrar um lugar seguro."