Espetáculo gratuito está na programação do FESTA, dia 6/9, propondo uma reflexão urgente sobre os limites da razão e da humanidade
Redação Publicado em 04/09/2025, às 13h10
Santos recebe pela primeira vez a peça O Legítimo Pai da Bomba Atômica, drama inspirado em fatos reais que mergulha nos bastidores da criação da arma mais devastadora da história, que há 80 anos destruiu as cidades de Hiroshima e Nagasaki, no Japão. A apresentação gratuita será no dia 6/9, às 19hs, no Teatro Municipal Braz Cubas-Centro Cultural Patrícia Galvão (Av. Sen. Pinheiro Machado, 48, Vila Mathias), na programação do 67º Festival Santista de Teatro (FESTA).
Com elenco formado por atores nipo-brasileiros do Coletivo Oriente-se e dos mesmos produtores da peça Os três sobreviventes de Hiroshima, o espetáculo discute questões nucleares e detalhes não mostrados no filme Oppenheimer, sobre o projeto secreto do governo americano que desenvolveu as primeiras armas nucleares durante a Segunda Guerra Mundial.
A montagem tem texto do premiado dramaturgo Murilo César Dias, direção de Gabriela Rabelo e produção de Rogério Nagai, num mergulho em questões políticas, históricas e éticas que envolvem a criação da bomba atômica e sua utilização até os dias de hoje.
A peça é inspirada na história real do físico húngaro Léo Szilárd, que fugiu da perseguição nazista, criou o conceito de reação em cadeia e foi um dos responsáveis pela criação da bomba atômica. O espetáculo traz para a cena figuras como sua esposa, a médica Gertrude Weiss, o físico teórico alemão Albert Einstein, o presidente americano Harry Truman, o general Groves, e outros que direta ou indiretamente colaboraram para a criação dessa arma e seu lançamento.
Drama interno
O caminho entre a descoberta científica e a sua utilização como arma de destruição em massa é acompanhado por um drama interno de Szilárd, que vê sua invenção ser desviada do objetivo, numa encruzilhada entre ciência e consciência.
A bomba lançada sobre Hiroshima, em 6 de agosto de 1945, matou instantaneamente cerca de 70 mil pessoas. Mas o número de mortos ultrapassou 140 mil até o fim daquele ano. Três dias depois, a bomba de Nagasaki acrescentou mais de 74 mil vítimas à tragédia, mudando para sempre a geopolítica mundial e permanece como um alerta sobre o uso da ciência para fins bélicos.
“O objetivo do espetáculo é disseminar a cultura de paz, promovendo um debate sobre a insanidade das armas de destruição em massa, através da história de Szilárd, ao mesmo tempo que convidamos o público a refletir sobre a estupidez da guerra e da utilização das armas terríveis que vêm sendo criadas com o avanço da ciência. Infelizmente, o espetáculo é atual, com uma ameaça nuclear tanto pela guerra da Ucrânia com a Rússia, como no Oriente Médio e Ásia (Paquistão e Índia)”, reforça Rogério Nagai, produtor executivo e coordenador do projeto, que já viveu o físico na montagem.
A diretora Gabriela Rabelo destaca a pertinência da obra, mesmo 80 anos depois desse triste episódio. “A importância desse espetáculo nos dias de hoje está no fato de que as guerras não acabaram. Elas têm nomes diferentes (Guerra Fria, Guerra da Síria, Guerra da Ucrânia, etc), mas os homens desenvolveram armas mais terríveis do que a bomba atômica. É preciso parar com essa estupidez”.
Representatividade
A montagem também contribui com um importante debate sobre cultura de paz, além de questões étnicas como representatividade, pois personagens reais de diversas nacionalidades (alemão, americano, húngaro, etc) são interpretados por atores nipo-brasileiros, integrantes do Coletivo Oriente-se. “Foram poucas iniciativas no país de espetáculos realizados com elenco totalmente formado por atores brasileiros de ascendência japonesa”, pontua Nagai.
É o segundo espetáculo do grupo, que iniciou com a peça Os três sobreviventes de Hiroshima, em 2013, levando aos palcos os próprios sobreviventes da bomba atômica. Esse espetáculo já esteve em Santos, em 2019, e em Guarujá, em 2023, com direção de Nagai.
“A ideia do projeto é alertar para os perigos de se resolver os conflitos mundiais através de guerras, através da montagem de espetáculos que tratem das grandes tragédias da humanidade, e temas como resiliência, cultura de paz, empatia e superação”, reflete ele, que é santista e iniciou sua carreira artística na cidade.
A produção
O espetáculo O Legítimo Pai da Bomba Atômica foi premiado na 6ª edição do Prêmio Zé Renato de Teatro da Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura de São Paulo em 2018, além de ter sido indicado ao prêmio Aplauso Brasil pela crítica teatral, por Melhor Figurino e Melhor Dramaturgia. A obra já passou por diversos teatros em São Paulo e cidades como Sertãozinho, Registro, Francisco Morato e Campo Grande.
A realização é da Secretaria da Cultura, Economia e Indústrias Criativas do Governo do Estado de São Paulo via Edital PNAB/ProAC 27/2024. A peça é uma produção do Coletivo Oriente-se em co-produção com a Nagai Produções. Este projeto é realizado com apoio da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB); do Programa de Ação Cultural (ProAC), da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo; do Ministério da Cultura e do Governo Federal.
Sobre o FESTA
Criado por Patrícia Galvão, a Pagu, o Festival Santista de Teatro, O FESTA, está em sua 67ª edição, é o festival de artes cênicas mais antigo em atividade no Brasil.
Em 2019 tornou-se Patrimônio Cultural Imaterial da cidade de Santos e em 2011 foi laureado com a Ordem do Mérito Cultural pelo Ministério da Cultura pela relevante contribuição à cultura brasileira. A programação completa está aqui: https://festivalsantistadeteatro.com/.
SERVIÇO:
Peça: O Legítimo Pai da Bomba Atômica
Quando: 6/9 (sábado) | 19hs
Onde: Teatro Municipal Braz Cubas / Centro Cultural Patrícia Galvão (Av. Senador Pinheiro Machado, 48 – Vila Mathias, Santos – SP)
Quanto: Entrada franca por ordem de chegada, sujeita a lotação máxima e sem lugares marcados
Capacidade: 588 lugares
FICHA TÉCNICA:
Texto: Murilo Dias César
Direção: Gabriela Rabelo
Elenco (em ordem alfabética): Beatriz Diaféria, Edson Kameda, Gilberto Kido, Ricardo Oshiro e Ulisses Sakurai
Produção executiva e coordenação geral: Rogério Nagai
Duração: 90 minutos
Recomendação: 10 anos
Gênero: Drama
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