Corinthians

Em áudio, Metaleiro, aliado a Osmar e Tuma, articula contra vitória de Augusto

No sábado (31), na sede do Timão, Metaleiro intimidou Augusto Melo e foi denunciado à polícia

Imagem: Divulgação
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Jair Viana Publicado em 04/06/2025, às 17h42


A crise política no Corinthians extrapolou os limites do bom senso no último fim de semana, quando Douglas Deungaro, o “Metaleiro” — ex-presidente da Gaviões da Fiel — surgiu como peça-chave na articulação contra Augusto Melo. Em meio a acusações de “golpe institucional”, ameaças de morte e invasões à sede do clube, ele assumiu o papel de porta-voz agressivo da aliança entre o presidente interino, Osmar Stabile, e o presidente do Conselho Deliberativo, Romeu Tuma Júnior.

Jogo bruto

A atuação de Metaleiro tem como principal objetivo impedir a realização de uma assembleia que poderia selar a permanência de Melo no cargo. Nos bastidores, observadores avaliam que Stabile, Tuma e Metaleiro articulam essa estratégia por temerem uma derrota em plenário, onde a oposição não teria votos suficientes.
No dia 31 de maio, o Parque São Jorge virou palco de confronto direto. Em vídeo divulgado pela Central do Timão, Metaleiro incita torcedores a invadirem o clube para “impedir a recondução de Augusto Melo”. Cerca de 50 pessoas atenderam ao chamado, gerando tumulto que exigiu intervenção da Polícia Militar. Testemunhas relataram que Metaleiro “gritava e apontava o dedo” contra Melo, em meio ao caos. Horas depois, Augusto registrou boletim de ocorrência na DRADE, alegando ter sido ameaçado com a frase: “Vou te matar, cortar sua cabeça e pendurar você e sua família”.
Enquanto aliados de Melo ocupavam a sala da presidência, Metaleiro atuava como “soldado político” de Stabile, fazendo pressão física para que ele não deixasse o cargo. Segundo relatos internos, Stabile chegou a permanecer “duas horas sentado na cadeira”, como ato simbólico de resistência.

Aliança e ameaça

Evidências apontam coordenação estratégica entre Metaleiro, Stabile e Tuma Júnior. Em abril, Metaleiro e Padinho (outro ex-líder da Gaviões) já haviam participado de um encontro tenso com Augusto Melo, no qual cobraram explicações sobre um inquérito em curso. O tom foi de ultimato: se Melo fosse indiciado, teria que renunciar.
O boletim de ocorrência registrado na DRADE expõe o modus operandi de Metaleiro. Leonardo Pantaleão, representante do jurídico do clube, afirmou que ele liderou o cerco à sala presidencial, impedindo a saída de Stabile enquanto ameaçava Augusto — tudo diante de jornalistas, o que ampliou a crise institucional. Para analistas, a ação foi uma tentativa de forçar a renúncia de Melo e legitimar a permanência do interino.

Da base ao ataque

Curiosamente, Metaleiro foi um dos principais apoiadores de Melo nas eleições de 2023. Sua guinada à oposição chamou atenção. Agora, ele se alinha a Stabile e Tuma Júnior para retomar influência no clube. Seus discursos mais recentes exigem “abertura dos links de ingressos” e “demissão em massa” — bandeiras caras ao grupo opositor.
Sua atuação também dividiu a Gaviões da Fiel. A convocação feita para o sábado não teve grande adesão e revelou um desgaste interno. Embora Metaleiro cobre “notas oficiais das torcidas pedindo a renúncia de Melo”, as organizadas mantêm silêncio — temendo associações com táticas violentas.
Metaleiro encarna o lado sombrio da crise corintiana: ameaças, desinformação e politicagem. Sua aliança com Stabile e Tuma Jr. — inicialmente tática — revela-se frágil. Stabile tem sido cobrado por não condenar publicamente os excessos. Tuma Jr., por sua vez, omitiu qualquer referência a Metaleiro em sua carta oficial mais recente, o que sinaliza conveniência política.
Enquanto isso, o clube sangra: dívidas em escalada, risco de punições da FIFA e uma guerra de bastidores que sequestra a paz da torcida.
“Um dia, acontecendo, chega uma hora que não dá mais. O clube sangra, e sangra todo dia.”
— Metaleiro, em discurso que agora soa como profecia autorrealizável.

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