Violência

Mulheres negras jovens são as principais vítimas de violência doméstica no Brasil

Dados do DataSenado mostram altos índices de agressão a mulheres negras e baixa eficácia de medidas protetivas

Mulheres negras jovens são as principais vítimas de violência doméstica no Brasil - Imagem: Reprodução/ Freepik
Mulheres negras jovens são as principais vítimas de violência doméstica no Brasil - Imagem: Reprodução/ Freepik

Maria Clara Campanini Publicado em 28/11/2024, às 12h38


Um estudo recente conduzido pelo DataSenado e pela Nexus - Pesquisa e Inteligência de Dados, em colaboração com o Observatório da Mulher contra a Violência, revela preocupantes estatísticas sobre a violência doméstica enfrentada por mulheres negras no Brasil. De acordo com os dados, 53% dessas mulheres experimentaram violência doméstica pela primeira vez antes dos 25 anos. A pesquisa destaca que 87% das vítimas sofreram agressões psicológicas, enquanto 78% relataram violência física. As agressões patrimoniais e sexuais foram mencionadas por 33% e 25% das entrevistadas, respectivamente.

O levantamento ouviu 13.977 mulheres negras, definidas como aquelas que se autodeclaram de cor preta ou parda, com idades a partir de 16 anos, entre 21 de agosto e 25 de setembro de 2023, abrangendo todas as regiões do país. O estudo possui um nível de confiança de 95%, reforçando a relevância das informações apresentadas.

Os dados também revelam que 62% das mulheres vítimas de violência sexual registradas nos boletins policiais eram negras. No âmbito dos homicídios femininos em 2022, o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) indicou que 67% das vítimas assassinadas eram negras, correspondendo a um total de 2.276 mulheres.

A pesquisa examinou ainda as redes de apoio buscadas pelas vítimas: 60% recorreram à família, enquanto 45% procuraram apoio na igreja e 41% buscaram amigos. No entanto, apenas 32% das vítimas buscaram ajuda em delegacias comuns e somente 23% recorreram à Delegacia da Mulher. É alarmante observar que, apesar de 55% das vítimas buscarem auxílio policial, apenas 28% solicitaram medidas protetivas, e em quase metade desses casos (48%), as ordens foram desrespeitadas pelos agressores.

Milene Tomoike, analista do Observatório da Mulher Contra a Violência, enfatiza a urgência de ações preventivas e proteção ampliada para romper o ciclo de silêncio e violência. Ela sublinha a necessidade crítica de fortalecer políticas públicas e expandir o acesso a serviços especializados para garantir segurança e oferecer caminhos concretos para a recuperação das vítimas.