Praia Grande

Vai a júri popular guarda civil que assassinou ciclista no Litoral de SP

O ciclista foi morto por uma discussão de trânsito; caso ocorreu em 2019

Antônio a esquerda da imagem e Vagner a direita - Imagem: Reprodução/ Redes Sociais
Antônio a esquerda da imagem e Vagner a direita - Imagem: Reprodução/ Redes Sociais

Maria Clara Campanini Publicado em 13/08/2024, às 11h57


O Guarda Civil Municipal (GCM), Vagner Alves de Santana, virou réu pela morte do ciclista Antônio Ramos Paiva Ferreira, em Praia Grande, Litoral de São Paulo. O réu irá enfrentar júri popular nesta terça-feira (13). O assassinato foi no dia 3 de fevereiro de 2019, quando Antônio e a família voltavam da praia.

Antônio, de 29 anos, estava na Avenida Ministro Marcos Freire, perto do viaduto, quando foi ‘fechado’ por um carro, Vagner e outro guarda civil chegaram no local e dispensaram o condutor do automóvel. Após isso o GCM e o ciclista começaram a discutir, resultando em três disparos em Antônio, no braço direito, tórax e glúteo.

De acordo com o inquérito, que o g1 teve acesso, Vagner foi pronunciado pelo crime, mas pode recorrer em liberdade. O advogado da esposa da vítima pediu ao Ministério Público Estadual quanto a Justiça pela prisão preventiva, ambos indeferiram. Durante o processo, o réu, estava em liberdade.

Versão do Guarda Civil

De acordo com a Polícia Civil, uma viatura da GCM estava patrulhando a área, quando os guardas viram uma discussão entre um ciclista e um motorista, de acordo com o réu, Antônio continuou no local e começou a ofendê-lo. O guarda tentou ir embora mais Antônio foi em direção ao carro e tentou tirá-lo de lá.

O agente disse ter usado gás de pimenta para conter a vítima e mesmo assim levou dois socos. Após isso o ciclista tentou pegar a arma do GCM, durante a briga os dois acabaram no chão e houve os disparos. A ambulância foi chamada e constatou morte no local.

Para o delegado de Praia Grande, Sergio Lemos Nassur, o homicídio foi legítima defesa do policial. Na época, a prefeitura disse ao g1 "o guarda envolvido foi afastado para a apuração, conforme procedimento habitual da Guarda Civil Municipal em casos desse tipo".

Versão da esposa do ciclista

A esposa de Antônio, deu outra versão. De acordo com ela, naquele dia, ela o marido e o filha voltavam da praia de bicicleta. A criança na cadeirinha junto com a mãe e Antônio sozinho. Na Avenida Ministro Marcos Freire, a família foi surpreendida pelo carro, que ia ao viaduto.

De acordo com a mulher, o condutor do carro fez uma curva fechada, atingindo a bicicleta de Antônio, danificando-a, após isso o motorista não parou, mesmo após seu marido chamar.

Então Antônio viu a viatura e a chamou. Dois GCMs saíram do carro, um calmo e outro nervoso. Vagner dispensou o motorista do carro, após um pequeno contato.

Antônio questionou a ação do agente, neste momento a guarda disse ‘cala boca, seu bosta’ e a vítima retrucou. Após isso o guarda e o ciclista começaram a discutir, o outro GCM tentou intervir. Em certo momento os policiais foram para sua viatura, momento que a esposa decide atravessar.

O marido, segundo a versão da esposa, foi pegar a bicicleta que estava apoiada na defensa do viaduto. Após isso a mulher continuou pedalando quando ouviu dois tiros, e após um segundo, o terceiro.

Não foi afastado

O advogado do réu, José Sérgio Boscayno Teixeira, que defendeu o agente durante o processo, mas não participa do júri nesta terça-feira (13), falou a g1, que Vagner não foi preso e nem afastado.

"Não foi afastado [da GCM] por conta do processo, ficou meses em licença médica porque operou o joelho, mas já retornou ao trabalho", afirmou.