Muitos se perguntam sobre os motivos que nos levaram a essa situação
por Reinaldo Polito
Publicado em 20/12/2024, às 12h31
Até quem nunca se preocupou com os indicadores econômicos do país sabe que a nossa situação não anda bem das pernas. Com a taxa de juros nas alturas e o dólar batendo recordes sucessivos, chegando aos incríveis R$ 6,30, muitos se perguntam sobre os motivos que nos levaram a essa situação.
Há quem ponha a culpa nos desvarios do mercado. Dizem que a “turma da Faria Lima” é o estopim desse pânico que toma conta do país. Analistas mais sérios, entretanto, afirmam que todas as causas que levam a esse imbróglio passam pelas ações desastradas do governo. Ou seja, quando o assunto é economia, Lula é ruinzinho de serviço.
O problema fiscal é evidente
Embora o governo e as torcidas do Corinthians e do Flamengo saibam que existe um grave problema fiscal, Lula dá declarações que demonstram seu descompromisso com a efetiva solução dessa questão. Descortina assim a intenção de continuar com gastos públicos excessivos e não realizar as reformas estruturais necessárias.
Na recente entrevista que concedeu ao programa Fantástico, na Rede Globo, com a maior naturalidade, garantiu que o Brasil não sofre com sua condição fiscal, mas sim que o único problema é a elevada taxa de juros determinada pelo Banco Central. Deixou de mencionar, entretanto, que as altas taxas de juros refletem, em grande parte, a instabilidade política e econômica.
A autonomia é essencial
A pergunta que se faz é: como o novo presidente do Banco Central vai agir diante dessa convicção do chefe do Executivo? Será que terá liberdade, que seria uma prerrogativa de suas funções, a partir da autonomia conquistada a duras penas por essa autarquia federal? Ou, por ser indicado pelo presidente, se subordinará à vontade do “chefe”?
A independência do Banco Central é importante para garantir a credibilidade e atrair investimentos, sem a influência política que pode desestabilizar ainda mais o cenário.
O peso das despesas obrigatórias
O mercado até que foi paciente e confiou no projeto do Arcabouço Fiscal para conter o crescimento das despesas. Mas por pouco tempo, pois logo nos primeiros momentos o plano indicava que faria água. Bastava olhar de relance para ver o rumo tomado pelas despesas obrigatórias.
Elas viraram as costas para o planejamento e passaram a crescer bem acima do previsto. Como se fosse um carro desgovernado, os gastos com a Previdência e emendas parlamentares, por exemplo, demonstravam que estrangulariam o arcabouço e jogariam por terra as diretrizes determinadas, o que impediria o cumprimento das metas fiscais.
Tempestade perfeita
A consequência natural dessa tempestade perfeita foi a gradativa subida do dólar. Alguns apoiadores do governo alegam que esse não foi um “privilégio” do Brasil, já que a moeda americana valorizou no mundo todo.
Sim, mas no caso do real, a desvalorização foi muito mais acentuada, colocando a moeda brasileira entre as que mais perderam valor globalmente em 2024. Isso demonstra de maneira clara a responsabilidade circunscrita nas fronteiras intramuros e destrói os argumentos governistas.
O risco do descontrole fiscal
Para o bem da verdade, o governo tentou apagar o incêndio com a proposta do pacote fiscal. Ocorre que a demora foi tanta que, ao ser apresentado, já estava desidratado. Os analistas ficaram ainda mais receosos porque nada indicava a intenção de cortar despesas. Uma demonstração evidente de que o endividamento continuará crescendo.
O problema maior, e esse fato foi o que mais preocupou os investidores, é o risco crescente de um descontrole fiscal. Essa perspectiva traz como consequência a maior dificuldade para buscar financiamento. A incerteza faz com que o mercado exija
juros cada vez mais elevados, o que redundará no encarecimento do crédito e diminuição do consumo e dos investimentos.
O ciclo do descontrole inflacionário
Em visão pessimista, mas que é colocada na equação, poderá chegar o momento de o governo não ter mais condições de financiar o déficit. Restando, a partir dessa situação, a única alternativa de emitir moeda em grande escala. A associação desse fator com o aumento do dólar resultará em uma retroalimentação do processo inflacionário.
Como alguém pode imaginar que o mercado fique tranquilo diante desse quadro? Os investidores sabem que o Banco Central pode agir para segurar o descontrole, mas até certo ponto. Sozinho, sem uma ação coordenada com o poder Executivo, em pouco tempo estará com a língua de fora.
Solução existe, mas para isso o governo precisaria deixar de lado suas desculpas, parar de empurrar o processo com a barriga e pensar mais no bem-estar do país e menos no que seja conveniente politicamente. Aí já é querer demais!
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