Mesmo com novo arcabouço fiscal, alta de gastos obrigatórios e expansão de políticas públicas pressionam as contas da União e elevam desafios para o próximo governo.

Ana Beatriz Publicado em 24/12/2025, às 21h35
O terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) caminha para o encerramento sob o maior déficit nas contas públicas desde a criação do Plano Real, em 1994. Dados do Tesouro Nacional e projeções do mercado financeiro indicam que o desequilíbrio fiscal se aprofundou nos últimos anos, mesmo após a adoção do novo arcabouço fiscal, que substituiu o teto de gastos.
O resultado negativo das contas do governo central voltou a ser registrado em 2023 e permaneceu sob pressão ao longo de 2024 e 2025. O desempenho frustrou as expectativas iniciais da equipe econômica, que previa uma trajetória mais gradual de reequilíbrio fiscal com a nova regra, baseada no crescimento real das despesas atrelado ao avanço da arrecadação.
Segundo especialistas, a principal fonte de pressão sobre o orçamento da União é o crescimento contínuo dos gastos obrigatórios. Despesas com Previdência, benefícios sociais e folha de pagamento do funcionalismo público avançaram acima da capacidade de geração de receitas do Estado. Além disso, a ampliação de investimentos em programas sociais e políticas de recomposição salarial elevou o peso das despesas permanentes no orçamento federal.
Embora o governo tenha adotado medidas para reforçar a arrecadação, como mudanças na tributação de setores específicos e o combate a benefícios fiscais considerados ineficientes, o aumento das receitas não foi suficiente para compensar o ritmo de crescimento dos gastos. Como resposta, o Executivo recorreu a bloqueios e contingenciamentos pontuais ao longo do mandato, estratégia que ajudou a evitar um desequilíbrio ainda maior, mas não alterou a tendência estrutural das contas públicas.
Analistas do mercado financeiro alertam que a ausência de reformas estruturais mais profundas, especialmente nas áreas administrativa e previdenciária, contribui para a manutenção da dívida pública em trajetória ascendente. Esse cenário amplia a percepção de risco fiscal, pressiona as taxas de juros de longo prazo e reduz o espaço para investimentos públicos e políticas de estímulo econômico.
Para a próxima gestão presidencial, o quadro fiscal representa um desafio relevante. Com despesas rígidas e margem limitada para cortes no curto prazo, o futuro governo terá de lidar com a necessidade de ajustes para garantir a sustentabilidade das contas públicas sem comprometer políticas sociais e o crescimento econômico.
Enquanto o Palácio do Planalto argumenta que a expansão dos gastos foi necessária para enfrentar desigualdades sociais e retomar investimentos após anos de restrições orçamentárias, críticos afirmam que a estratégia compromete o equilíbrio fiscal e transfere custos para os próximos anos. O debate sobre o tamanho do Estado, a eficiência do gasto público e a sustentabilidade da dívida deve seguir no centro da agenda econômica do país.
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