Três mulheres foram detidas por maus-tratos; idosos viviam em condições precárias e sem acompanhamento profissional
Lívia Gennari Publicado em 16/08/2025, às 19h16
A Polícia Civil prendeu em flagrante três mulheres, com idades entre 37 e 56 anos, por manterem um abrigo clandestino em condições degradantes no distrito de Vicente de Carvalho, em Guarujá. A operação de resgate ocorreu após uma denúncia anônima de maus-tratos. O imóvel, localizado na Rua Rio Grande do Sul, bairro Jardim Cunhambebe, foi interditado por órgãos de fiscalização.
Ao todo, oito idosos foram encontrados no local por equipes da Polícia Civil, Vigilância Sanitária, Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), Guarda Civil Municipal, Secretaria de Infraestrutura e profissionais de saúde da UBS Vila Alice, que prestaram os primeiros atendimentos às vítimas. Segundo as autoridades, o espaço funcionava sem alvará, sem o devido cadastro no Conselho Municipal do Idoso e não possuía qualquer tipo de acompanhamento médico.
Idosos viviam em local precário e sem cuidados
As equipes relataram que os idosos estavam distribuídos entre dois quartos e uma sala, cercados por fezes, urina, fraldas descartáveis sujas e sem as mínimas condições de higiene. A Polícia Civil informou que não havia receitas, prontuários ou cuidadores capacitados.
Entre os casos mais graves estavam o de um idoso com HIV utilizando uma sonda fixada de forma inadequada com esparadrapo; outro paciente com Alzheimer sem o uso das medicações corretas; além de uma idosa vítima de acidente vascular cerebral (AVC), encontrada urinada na cama, sem fisioterapia, controle de sinais vitais ou assistência básica.
A administração irregular de medicamentos também chamou a atenção dos agentes. Os remédios eram dados sem qualquer critério, sem registros e supervisionamento técnico. O abrigo não contava com médico, nutricionista, fisioterapeuta nem sistema de descarte de resíduos hospitalares, violando diversas normas sanitárias.
A investigação revelou que duas das mulheres presas já haviam sido interditadas anteriormente por operarem um abrigo ilegal, e transferiram os idosos para o novo imóvel como forma de driblar a fiscalização. O trio foi autuado em flagrante e responderá pelo crime de maus-tratos, conforme o artigo 99 do Estatuto do Idoso, cuja pena pode chegar a sete anos de prisão, variando de acordo com a gravidade das lesões causadas às vítimas.
A Secretaria de Direitos Humanos (Sedhuci) instaurou processo administrativo para apurar as violações. Os idosos resgatados foram encaminhados para unidades de saúde e abrigos devidamente credenciados da Baixada Santista. As investigações seguem para identificar todos os responsáveis e verificar se há mais vítimas relacionadas ao caso.