Seis postos em São Paulo são investigados por envolvimento em esquema de lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital
Gabriella Souza Publicado em 21/10/2025, às 10h19
A Polícia Civil lançou uma nova etapa de investigações contra o crime organizado, a Operação Octanagem, que tem como alvo seis postos de gasolina ligados a um esquema bilionário de lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC). O empresário Mohamad Hussein Mourad, que está foragido, é o principal suspeito de chefiar essa rede de dinheiro sujo e já havia sido investigado antes.
Nesta terça-feira (21), a polícia está cumprindo seis mandados de busca e apreensão. Os locais escolhidos são estabelecimentos que, segundo a polícia, mantêm relação com o empresário Mourad. A ação acontece em cidades do litoral e do interior de São Paulo: são três postos em Praia Grande, dois em Santos e um em Araraquara, no interior paulista.
A meta, conforme as autoridades, é desarticular o lado "varejista" do grupo criminoso, ou seja, os postos que vendem o combustível diretamente ao consumidor e que continuaram funcionando mesmo após uma grande operação anterior. A polícia conta com o apoio de fiscais da Agência Nacional do Petróleo, do Instituto de Pesos e Medidas e da Secretaria da Fazenda de São Paulo para a fiscalização.
Quem está por trás dos postos?
Cinco dos postos revistados pertencem a Pedro Furtado Gouveia e um é de Luiz Ernesto Franco Monegatto. Ambos já tinham sido investigados na Operação Carbono Oculto por possíveis laços com Mohamad Hussein Mourad, o suposto líder da lavagem de dinheiro do PCC que segue desaparecido.
Em relação à Gouveia, ele é o maior proprietário de postos entre os investigados na Carbono Oculto. É sócio em pelo menos 56 dos 251 estabelecimentos que as autoridades identificaram. Monegatto, por sua vez, é sócio em outros 13 postos de gasolina.
Suspeitas
As investigações apontam que os seis postos revistados têm ligação com Himad, primo de Mohamad Mourad. Himad é considerado uma figura chave na organização. Embora não apareça como sócio em todos os locais, a polícia tem fortes indícios de seu envolvimento.
Um fato curioso descoberto durante a investigação foi uma compra feita por um policial à paisana em junho de 2025 no Auto Posto Panamera, em Praia Grande, que é de Pedro Gouveia. O comprovante de pagamento, no entanto, saiu em nome do Auto Posto Ímola, de Araraquara, que pertence a Monegatto. O antigo dono do Ímola informou que o posto foi vendido para Monegatto e Himad.
Até março de 2025, Himad também foi sócio de outros postos que hoje pertencem à Gouveia, como o Auto Posto Platinum e o Quasar, ambos em Praia Grande, e os postos Super Senna e Novo Milênio, em Santos.
A polícia suspeita que Himad esteja ligado a mais de 100 postos de gasolina, mesmo aparecendo como sócio direto em apenas dez.
Carbono Oculto
A Operação Carbono Oculto, que ocorreu em agosto, foi uma das maiores ações contra o crime organizado do país, mobilizando cerca de 1,4 mil agentes. O objetivo era desmantelar o bilionário esquema criminoso do PCC no setor de combustíveis.
A operação teve como alvos mais de 350 pessoas e empresas suspeitas de ajudar o PCC a esconder o dinheiro obtido ilegalmente. O grupo teria deixado de pagar mais de R$ 7,6 bilhões em impostos, segundo as autoridades. Quinze pessoas investigadas por essa lavagem de dinheiro são sócias de, no mínimo, 251 postos em quatro estados. Só na Baixada Santista, 33 postos estavam envolvidos, distribuídos em Santos (12), Praia Grande (9), Guarujá (6), São Vicente (3), Cubatão (2) e Mongaguá (1).