Cultura

As mulheres falam mais que os homens?

Entenda como as características emocionais e racionais influenciam a forma como homens e mulheres se expressam

Estudo mostra que mulheres usam quase três vezes mais palavras que homens, revelando diferenças significativas na comunicação - Imagem: Reprodução
Estudo mostra que mulheres usam quase três vezes mais palavras que homens, revelando diferenças significativas na comunicação - Imagem: Reprodução
Reinaldo Polito

por Reinaldo Polito

Publicado em 22/08/2025, às 11h42


Sim, as mulheres usam mais palavras por dia que os homens para se comunicar. É verdade, as mulheres falam mais que os homens. Quase três vezes mais. E o que isso quer dizer? Pode dizer tudo, mas também nada. São apenas diferenças que precisam ser observadas com critério na comunicação.

Rachel Polito é autora do livro Mais que mulher-maravilha... Mulher real. Ela escreveu a obra em coautoria com Fabi Saad. Publicada em formato digital pelo selo “Expressa”, está disponível na Amazon. É um texto leve e, ao mesmo tempo, profundo. A publicação é esclarecedora a respeito das diferenças na comunicação do homem e da mulher.

livro

Sobram palavras no estoque das mulheres

Rachel abre o capítulo “Falar, ouvir, se expressar, questionar e compartilhar” com esta informação surpreendente para muitas pessoas: “Os homens se contentam falando 7 mil palavras por dia e as mulheres falam em média 20 mil palavras no mesmo período”. É uma diferença impressionante, afinal, elas falam 13 mil palavras a mais que os homens em um só dia. Embora diferentes pesquisas possam apresentar números distintos, a ordem de grandeza não se altera muito.

Rachel Polito palestrando sobre as diferenças do homem e da mulher
Rachel Polito palestrando sobre as diferenças do homem e da mulher

Já vi a autora brincando com essa informação em uma de suas palestras: “O homem chega em casa tendo consumido seu estoque de 7 mil palavras, enquanto a mulher ainda tem mais de 10 mil para usar. Por isso, quase sempre é uma conversa de mão única”. O palestrante Daniel Godri é outro que brinca com esse tema.

O normal de um e de outro

Segundo ele, o homem chega em casa depois de um dia intenso de trabalho, tendo superado inúmeros desafios e realizado bons negócios, e a mulher pergunta como foi o dia. A resposta é lacônica, e quase sempre a mesma: normal. E ela, sem que seja perguntada, explica nos mínimos detalhes tudo o que fez, desde a hora em que se levantou.

De acordo com Rachel, na hora de se expressar, as mulheres são muito mais emocionais. O homem tende a ser mais racional. São apenas diferentes. A tese de Rachel nos ajuda a entender essas características distintas.

Idiossincrasias

A mulher gosta de emoção na fala. Com seu discurso compartilha, emociona e envolve. O homem tende a ser mais direto, objetivo e orientado ao propósito. A mulher constrói relacionamento com a fala, organiza seu pensamento enquanto está se expressando, e o homem costuma ter a palavra pronta, carregada pelo seu histórico e experiência.

Devido a essas características diferentes, a forma como as mulheres e os homens falam e ouvem não é igual. A mulher é mais receptiva, observa, faz sinal de aprovação ou reprovação com a cabeça. O homem é mais disperso e, em certos casos, nem olha para o interlocutor. Essas informações são importantes para a comunicação.

Adaptações necessárias

A mulher não pode simplesmente pensar que, pelo fato de ser emotiva, falar e perguntar mais, ser gentil na forma como dá ordens, escutar com mais paciência, poderá se apresentar diante de um público predominantemente masculino agindo assim. Rachel diz que seria um fracasso. Precisaria adaptar a forma de se comunicar a esse público.

Da mesma forma, os homens deveriam fazer adaptações ao falar para um público predominantemente feminino. Nessas circunstâncias, precisam escutar mais, não serem tão diretos e objetivos e se valer de uma linguagem mais emocional. São os acertos necessários para que o resultado seja positivo.

Grande transformação nos últimos anos

Quando comecei a ministrar cursos de oratória há 50 anos, havia nas salas de aula apenas 5% de mulheres. Como ainda não ocupavam muitos cargos de liderança, quase não tinham espaço para usar a palavra em público.

Hoje, elas são maioria entre os alunos. Só como exemplo, em um dos cursos que ministro na pós-graduação em Gestão Corporativa na ECA-USP, normalmente são 30 alunos, sendo que quase sempre há entre 25 a 29 mulheres e entre 1 a 5 homens. Portanto, quem achar que pode falar nos dias atuais como falava há algumas décadas correrá grande risco de se equivocar.

As diferenças tornam a comunicação mais instigante e desafiadora

Conhecer as diferenças na maneira de falar e ouvir dos homens e mulheres é fundamental para que um orador ou oradora se saia bem. A forma de se posicionar, de gesticular, de argumentar, de avaliar se uma fala é prolixa ou objetiva demais são aspectos que poderão determinar o sucesso de uma apresentação.

Essa obra da Rachel e da Fabi esclarece de um jeito simples, descontraído e competente que, apesar das evidentes diferenças entre homens e mulheres, todos podem, com pequenas adaptações e boa capacidade de observação, ser mais eficientes com a sua comunicação. Afinal, como as regras não são rígidas, o orador deve estar sempre atento às características e transformações dos ouvintes para acertar a sintonia de acordo com as circunstâncias. Siga pelo Instagram: @polito