Santos

Inclinação nos prédios de Santos preocupa moradores

Grupo de síndicos se une para mobilizar as autoridades e solicitar financiamento pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ou pelo Banco Mundial

Inclinação nos prédios de Santos preocupa moradores - Imagem: Reprodução/ Redes Sociais
Inclinação nos prédios de Santos preocupa moradores - Imagem: Reprodução/ Redes Sociais

Maria Clara Campanini Publicado em 08/08/2024, às 16h31


Santos, Litoral de São Paulo, é conhecida pelos prédios tortos, pois mais de 300 construções pendem para um lado. Esses imóveis são um incomodo para os moradores. Com isso um grupo de síndicos se mobilizou para conseguir financiamento com aas autoridades.

Um levantamento feito pela Prefeitura de Santos, mostra que não é só na orla que as inclinações acontecem. Ao todo são 319 edifícios neste estado, 65 deles na frente da praia.

A primeira reunião ocorreu nesta terça-feira (6), no Condomínio Conjunto Tertulia, no bairro Gonzaga, o evento teve a presença de políticos. Para Eliana de Mello, síndica, a ideia é reunir 65 responsáveis por prédios e formar uma associação.

Neste primeiro encontro contou com 12 síndicos além de subsíndicos. O grupo quer criar a “Associação de Síndicos dos Prédios Inclinados da Orla da Praia”. Eliana informou que teve contato com outros síndicos e os convidou para a próxima reunião no dia 27 de agosto.

A síndica disse que pretende solicitar um financiamento ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ou pelo Banco Mundial.

"É o cartão-postal e pode correr o risco de um deles colapsar, então a gente vai fazer uma associação, pelo menos, desses 65 que são os prédios inclinados da orla para depois tentar conseguir [o financiamento]", explicou Eliana.

Eliana ainda lembrou que esse imóveis pagam laudêmio – taxa ao governo, sobre a valorização de imóveis localizados em áreas compartilhas com a União "É muito justo que o governo federal nos ajude e abrace a situação".

O que diz a prefeitura?

A Prefeitura de Santos disse em nota, que não tem nenhum prédio inclinado embargado na cidade, ou com a cota máxima permitida. Assim cabe aos condomínios divulgarem os percentuais de inclinação, identificados em laudos.

Ainda foi dito pela prefeitura que os edifícios são monitorados, principalmente os 65 mais acentuados, que estão nos canais 2 e 6, nos bairros do Gonzaga, Boqueirão, Embaré e Aparecida.

O primeiro levantamento foi feito pela prefeitura entre 2012 e 2013, desde então as medições passaram a ser de responsabilidade dos condomínios, de acordo com a Lei de Autovistoria.

'A Torre de Pisa'

Uma turista disse ao G1, que os prédios tortos em Santos são tão surreais quanto a torre de Pisa, na Itália.

"Ao mesmo tempo é surreal ver pessoas morando nesses prédios. São seguros, dizem que não tem risco, mas não vejo muito como morar em um lugar desse", disse a psicóloga Eliseu Ramos de Nascimento, de 52 anos, turista.

A Torre de Pisa foi construída no século 12, e é conhecida pela sua angulação, porém especialistas dizem que está se endireitando.

Imóveis cobiçados

Capital dos Prédios tortos é como Santos ficou conhecida no Brasil. Apesar desta anormalidade os imóveis são muito cobiçados por serem em frente a praia, podendo valor até R$ 1,7 milhões e aluguéis de até R$ 7 mil.

Caio Ferreira, corretor de imóveis e gerente comercial da roda Imóveis, disse que os imóveis tortos são difíceis de serem vendidos, não só pela inclinação, mas pela dificuldade de financiamento, a ausência de vaga de estacionamento e preço do condomínio.

"Esses apartamentos são com venda à vista porque os bancos não financiam mais. Não é que eles desvalorizam, mas a gente não consegue vender por financiamento", explicou Souza.

Porém, ainda de acordo com Caio, o aluguel não é difícil, o que dificulta é o  preço do condomínio, que são altos por conta dos funcionários antigos ou pela troca por portaria terceirizada "Da mesma forma que encarece a locação, acaba tendo desvalorização na venda".

Levantamento

A análise foi feita por técnicos da Secretária Municipal de Infraestrutura e Edificações (Siedi), após o vereador José Teixeira Filho (PP), que inclusive recebeu ofício com dados coletados.

José Teixeira cobrou o executivo sobre o tema "Precisamos saber o aumento do grau de inclinação a cada um ou dois anos, e se isso coloca os moradores em risco".

Segundo a prefeitura, apesar os prédios serem tortos, não a comprometimento na segurança estrutural.

O engenheiro civil, Fraco Pagani, disse ao G1, que nenhum dos prédios tortos tem risco de queda, porém os edifícios estreitos demanda maior atenção em relação aos grandes retangulares.

Lei e laudos por segurança

A Prefeitura de Santos disse que, a cada dois anos, os condomínios apresentam laudos sobre inclinação. Com o objetivo de acompanhar o aumento da inclinação.

O laudo é cobrado de acordo com a Lei Complementar 441 de 2001, que exige a apresentação de laudo de autovistoria técnica mostrando as segurança e estabilidade.

O Programa dos Prédios Inclinados de Santos acompanha as medições. A avaliação de reparos ou manutenção são analisadas pelo responsável técnico do laudo.

A prefeitura disse que as soluções técnicas e viáveis são possíveis, mas é responsabilidade do condomínio, o município só fiscaliza.