Trump bateu recorde, pois nenhum presidente dos Estados Unidos havia registrado aprovação tão baixa em oito décadas
Reinaldo Polito Publicado em 02/05/2025, às 12h59
Em 30 de abril, Trump completou 100 dias do seu segundo mandato. A exemplo do que ocorreu na primeira gestão, as pesquisas demonstraram que sua aceitação popular despencou para os índices mais baixos de um presidente nos últimos 80 anos.
Segundo levantamento do Instituto Ipsos, patrocinado pelo Washington Post e pela rede ABC News, Trump bateu recorde, pois nenhum presidente dos Estados Unidos havia registrado aprovação tão baixa em oito décadas. De acordo com a pesquisa, 55% dos entrevistados desaprovam sua gestão, e apenas 39% o apoiam.
A tese de Trump para discordar
Trump discorda. Durante a celebração dos 100 dias de governo, afirmou que os institutos de pesquisa distorcem os resultados e conduzem levantamentos com viés programado. Disse que seus números reais são bem diferentes:
“Eles ligam mais para democratas do que republicanos. Ainda assim, temos 44%, 45%. Se houvesse uma pesquisa legítima, acho que a minha aprovação estaria na casa dos 60% ou 70%.”
Nada diferente do que prometeu
Não é tão simples saber quem está com a razão. Ou Trump, ou os institutos de pesquisa estão equivocados. Afinal, mesmo agindo de maneira contundente, ele não tem feito nada muito diferente do que havia prometido em sua campanha eleitoral.
Só para citar alguns exemplos. Baixou normas para combater a política dos transgêneros e acabar com a doutrinação das crianças. Nenhuma surpresa. Foi feroz no corte de gastos que considerou como fraudulentos. Zero novidade. Como sempre fez, criticou e confrontou a esquerda e os democratas. Normal. Defendeu a independência econômica dos Estados Unidos com equiparação de tarifas. Uma bandeira amplamente defendida.
De olho em quem contratou a pesquisa
Analisando por esse ângulo, alguns pontos poderiam ser mencionados. Se foi eleito justamente por defender essas pautas, como seria possível agora dizer que desaprovam seu governo?! Também vale a pena lembrar que o Washington Post, que contratou a pesquisa, tem uma posição ideológica sabidamente progressista, com clara defesa às causas democratas.
Dificilmente um órgão de imprensa com essa tendência tomaria a iniciativa de contratar pesquisa com o risco de obter resultados contrários às teses que advoga. Sem contar que, por mais isento que seja um instituto de pesquisa, como sabemos, mesmo sem mentir, pode canalizar o resultado dos levantamentos para respostas mais convenientes.
Querem voltar à Casa Branca
Essas notícias animam os opositores de Trump, que, após a derrota nas eleições, perderam o rumo de suas ações. Infelizmente, como acontece na maior parte dos países, para a oposição vale a política do “quanto pior, melhor”. Se o presidente não tem apoio popular, as chances de que retornem à Casa Branca aumentam.
Aprendemos, entretanto, que nem sempre a realidade está espelhada nos resultados das pesquisas. Se voltarmos a 2017, vamos constatar que, embora os números não fossem tão negativos, já eram desfavoráveis a Trump. O Gallup apontava que sua aprovação girava entre 39% e 41%.
Depende do partido
Também naquela oportunidade, esses números representavam o índice mais baixo auferido nos últimos tempos. Só como curiosidade: o apoio dos republicanos, naquela época, era de 96%. Tanto assim que, apenas depois de um mandato de Joe Biden, presidente pelos democratas, houve troca na condução do país.
Durante a última campanha presidencial, os institutos, aparentemente avessos a Trump, foram unânimes em apontar a candidata democrata Kamala Harris como vencedora. Marist Poll: Kamala 51%, Trump 47%. HarrisX/Forbes: Kamala 51%, Trump 49%. Reuters/Ipsos: Kamala 50%, Trump 48%.
Cada um com seu problema
Se a diferença estivesse apenas dentro da margem de erro, seria compreensível, mas, ao abrir as urnas, Trump venceu com folga no Colégio Eleitoral e no voto popular. Ou seja, os institutos de pesquisa não conseguiram perceber essa tendência republicana. Como agora não terão as urnas para prestar contas, talvez possíveis equívocos nem sejam contestados, e sirvam apenas para minar a imagem do presidente.
Quem vai saber? Em política, os meios são os mais escorregadios e subterrâneos que se possa imaginar. Basta olhar o que tem ocorrido nas mais diferentes nações. Será que as dúvidas não são as mesmas enfrentadas pelos americanos?
Enfim, embora o que acontece nos Estados Unidos possa nos afetar, eles já são grandinhos para se entenderem. Nós, por aqui, já temos problemas suficientes para nos preocuparmos. E como temos!