Descubra como um professor dedicou sua vida a ensinar oratória e impactou mais de 100 mil alunos ao longo de cinco décadas
por Reinaldo Polito
Publicado em 17/10/2025, às 13h52
Faz 50 anos que atuo como professor de oratória. Entre cursos presenciais e online, já treinei mais de 100 mil alunos. É como se tivesse ministrado aulas para todos os habitantes de uma cidade de porte médio. Estou em plena atividade, como professor, palestrante e escritor. Já são 38 livros publicados em 39 países, e há outros na agulha.
A história que vou contar talvez o impressione pelos tropeços e solavancos que a vida nos reserva. Tenho certeza de que, no final, você se sentirá mais animado a enfrentar os desafios que o esperam. Toda vez que toco nesse assunto, fico emocionado. Espero transmitir um pouco desse sentimento.
Três gerações em nossos cursos
Por mais inteiro que eu esteja, e estou, devo pensar no futuro. Frequento academia para fazer musculação e atividades físicas três vezes por semana. Escrevo praticamente todos os dias até duas e meia ou três horas da manhã. Estou em sala de aula na minha escola ou em um dos quatro cursos de pós-graduação na ECA-USP. Vou para os palcos nos mais diversos cantos do país para ministrar palestras. Não me canso.
Quando se fala em curso de oratória hoje no país, o primeiro nome que surge é Polito. Da mesma forma, quando se fala em Polito, a atividade relacionada é oratória. Três gerações passaram pelos nossos cursos: avô, pai e filho. E, pelo andar da carruagem, os bisnetos estão a caminho. Posso me considerar uma pessoa feliz por ter encontrado essa profissão. Faço com tanto prazer que nunca é trabalho.
Por quanto tempo?
Mas e aí? Quantos anos mais terei condições de continuar com essa disposição? Sendo bem otimista, uns oito anos. Se Deus for generoso comigo, uns dez. O que vai acontecer depois que eu precisar pôr um ponto final nessa jornada? Antes de falar sobre o que irá acontecer, preciso contar uma pequena história.
Quem me ensinou a falar em público foi o professor Oswaldo Melantonio. Quem me ensinou a dar aulas de oratória foi esse mesmo mestre. Reinou no país durante 50 anos com a sua escola ali na Rua Bela Cintra, em São Paulo. Quando parou de ministrar aulas, uma porta definitiva foi fechada.
Uma semente na eloquência
Melantonio tinha quatro filhos, dos quais sou amigo até hoje: Cesário, um diplomata bem-sucedido; Oswaldo, um executivo e empreendedor de ponta; Ricardo, dono de uma banca respeitável de advocacia; e Mara, dedicada com distinção à educação infantil. Nenhum dos quatro se mostrou vocacionado para dar continuidade à sua obra.
O destino, porém, quis que comigo fosse diferente. Dos meus quatro filhos, três filhas e um filho: Roberta, Rachel, Rebeca e Reinaldinho, uma semente germinou no mundo da eloquência, Rachel. A sua história é emocionante e inspiradora. Com idas e vindas estonteantes, mostra como não há obstáculo que não possa ser superado.
A paralisia facial
Ela sempre foi muito comunicativa. Tenho gravações dela com dez anos de idade fazendo apresentações em sala de aula, diante dos alunos. Desenvolta, simpática, expressiva. Fazia amizades com facilidade. Era o centro das atenções em todos os ambientes. Tocava saxofone e contava histórias interessantes.
Um certo dia, para surpresa de todos, ela teve uma paralisia facial. Metade da face perdeu os movimentos. Teve de deixar de tocar saxofone e não se comunicava mais com ninguém. Tornou-se tímida, introvertida, inibida. Parou de frequentar festas e ficou reclusa dentro de casa. Não era mais aquela menina cheia de vida que todos conheciam e admiravam.
Resolveu superar o problema
Em determinado momento resolveu que precisaria mudar e voltar a ser o que era novamente. Decidiu frequentar anonimamente o nosso curso de oratória. Não podia dizer que era filha do Polito porque teria muita cobrança dos colegas. Usou o nome de Rachel e o segundo nome de família, tirou o Polito.
Sua situação era bastante delicada. Fez o curso uma vez e melhorou um pouco, mas continuava insegura. Frequentou as aulas novamente e cresceu ainda mais, mas não estava satisfeita. Havia muito para conquistar em termos de crescimento. Participou pela terceira vez e rompeu todas as amarras.
Nasceu uma ótima parceira de sala de aula
Foi tão bem que resolveu se tornar professora de oratória. E lá se vão 25 anos ao meu lado ensinando comunicação. É uma professora excepcional. Todos os alunos ficam encantados com ela. Seguindo o meu exemplo, passou a escrever livros. Até aqui são 11 obras publicadas no Brasil e no exterior. Seis desses livros escrevemos em coautoria.
Na próxima década, estaremos juntos, lado a lado nos treinamentos. Não porque ela precise de mim; afinal, quem superou tantas atribulações não recua diante das pressões, mas pela satisfação que temos em estar unidos nessa atividade pela qual somos apaixonados. Que Deus nos conserve. Siga pelo Instagram: @polito
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