Oratória

A influência dos pais na formação dos grandes oradores

Depois que a pessoa passa a dominar os segredos da oratória sente prazer no uso da palavra em público

Cícero, o maior orador romano, nasceu no ano 106 a.C. e deu os primeiros passos na tribuna ainda menino - Imagem: Freepik
Cícero, o maior orador romano, nasceu no ano 106 a.C. e deu os primeiros passos na tribuna ainda menino - Imagem: Freepik

Reinaldo Polito Publicado em 01/03/2024, às 14h43


É admirável ver um bom orador se apresentando. Como disse Blota Júnior, o melhor orador que já vi em ação, sobre a condição daquele que fala em público, no prefácio que fez para o meu livro “Como falar corretamente e sem inibições”:

“A partir do instante em que desfecha a palavra inicial, não mais se pertence ou se protege. Cabe-lhe enfrentar a incontrolável maré, e vencê-la. Por sua voz, e apenas pelo que fala, ou domina ou se perde. Ou convence, ou se frustra. Pela simples força da sua expressão, terá de conquistar uma vontade esquiva e dispersa. Necessita persuadir, comover, abalar, conduzir a força estranha na direção que deseja”.

O aprendizado de Cícero

Como esses verdadeiros mestres da palavra aprenderam a dominar essa arte tão complexa e fascinante? Cada um deles tem a sua história. Alguns foram autodidatas. A partir dos erros e acertos que cometeram, foram aprimorando sua competência oratória e desenvolvendo seu próprio estilo de comunicação.

Outros foram treinados por excelentes professores. Cícero, o maior orador romano, nasceu no ano 106 a.C. e deu os primeiros passos na tribuna ainda menino. Com apenas dez anos de idade, foi deixado por seu pai aos cuidados de dois mestres da arte oratória. Aos quatorze anos iniciou seu aprendizado retórico na escola do retor Plócio e já aos dezessete anos abraçou a prática da arte de falar, observando os grandes oradores da sua época, que se defrontavam nas assembleias do fórum. Com essa disciplina se transformou em um incomparável orador. Sua fama atravessou os séculos até chegar aos dias de hoje.

O aprendizado de Quintiliano

Outro estudioso da arte oratória foi Quintiliano. Nasceu na metade do primeiro século da nossa era, na Espanha, também logo nos primeiros anos de vida foi para Roma estudar oratória. Seu pai e seu avô foram retores, tendo o pai lhe ministrado as primeiras aulas de retórica.

É curioso observar que nesses dois exemplos de oradores que se projetaram em tempos passados, os pais tiveram influência decisiva para que pudessem aprender e se desenvolver. Hoje não é diferente. Cada vez mais recebemos no nosso curso de Expressão Verbal jovens entre 13 e 18 anos de idade.

Em praticamente todos os casos, eles são incentivados pelos pais a se inscrever para as aulas. Dizem que não gostariam que os filhos sofressem as dificuldades que sofreram por não saber falar em público. E, principalmente, que não perdessem as oportunidades que perderam devido à deficiência de comunicação.

O aprendizado de Malafaia

Esta semana publiquei um texto analisando o excepcional desempenho do pastor Silas Malafaia ao discursar para centenas de milhares de pessoas na manifestação do dia 25, na Av. Paulista. Independentemente de posições ideológicas, praticamente todas as pessoas reconheceram que a sua atuação foi muito competente.

Depois de ler o meu artigo, Malafaia me enviou uma mensagem de agradecimento. Aproveitou para contar como foi que aprendeu a falar em público. Disse que, quando estava com apenas seis anos de idade, graças ao pai, aprendeu a ler e a escrever. Já nessa época, foi educado a memorizar textos da Bíblia.

O estudo disciplinado

A partir dos dez anos, o pai ensinou a ler corretamente um jornal. Lia o jornal do Brasil. Se ele quisesse ler a parte de esporte, da qual gostava muito, era obrigado antes a ler sobre política nacional e internacional. O próprio pai serviu para ele de modelo de orador. Malafaia destaca que na arte de falar em público, ao se comparar com ele, “é fichinha”.

Embora as histórias sejam distintas, em épocas diferentes, há um denominador comum em todos os casos: estudo, disciplina e treinamento. Esse aprendizado é compensador.

Vantagens da boa oratória

Depois que a pessoa passa a dominar os segredos da oratória sente prazer no uso da palavra em público. É admirado por essa habilidade em todos os ambientes em que se apresenta. Seja na vida corporativa, seja no relacionamento social, seja no ambiente familiar.

Quem fala bem, resolve os desafios da vida com mais facilidade, abre as portas das oportunidades com segurança e desenvoltura e. acima de tudo, passa a ser uma pessoa mais feliz e realizada. Que tal você também investir no seu aprendizado e motivar os filhos a seguirem o mesmo caminho?

Reinaldo Polito é Mestre em Ciências da Comunicação e professor de Oratória nos cursos de pós-graduação em Marketing Político, Gestão de Marketing e Comunicação, Gestão Corporativa e MBA em Gestão de Marketing e Comunicação na ECA-USP. Escreveu 35 livros, com mais de 1,5 milhão de exemplares vendidos em 39 países. Siga no Instagram: @polito pelo facebook.com/reinaldopolito pergunte no https://reinaldopolito.com.br/home/