Entenda como a nova tarifa de 50% afeta a economia brasileira e quais setores estão mais vulneráveis a essa decisão
por Reinaldo Polito
Publicado em 01/08/2025, às 10h16
O presidente de uma empresa multinacional me disse esta semana que não acreditava na aplicação do tarifaço imposto pelos Estados Unidos. Imaginava que as conversas de bastidores entre autoridades brasileiras e americanas poderiam adiar essa decisão. Afirmava que sua convicção se baseava no fato de que a pena seria excessivamente pesada para o nosso país.
Julgava também que a Lei Magnitsky não seria aplicada ao ministro Alexandre de Moraes. Afinal, ponderava ele, não se trata de qualquer pessoa, mas de um ministro da Suprema Corte. Em ambos os casos, dizia esse alto executivo, haveria sérios problemas de relacionamento entre os dois países.
Estava equivocado
Errou. O decreto impondo a tarifa de 50% para os produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos foi assinado, e o ministro também foi sancionado. Embora a maioria tivesse boa dose de certeza de que as medidas seriam adotadas, havia ainda no ar alguma dúvida de que fatos novos pudessem modificar os rumos da situação.
Certos setores comemoraram o resultado ao constatarem que haviam ficado fora da lista. Foram 700 produtos excluídos. Entre os mais relevantes estão suco e polpa de laranja, minérios, combustíveis, fertilizantes e aeronaves civis, incluindo peças, motores e componentes.
Consequências pesadas
Pode parecer muito, mas, para quem esperava que Trump retirasse o bode da sala, essa lista mal chega a um cabritinho. As consequências de um percentual tão elevado comprometerão boa parte da economia e até poderão inviabilizar alguns setores.
O impacto será grave: perda de milhares de empregos e um baque no PIB. Sem contar que, dependendo de como o Judiciário se comportar daqui para frente e da forma como o Brasil se relacionar com países sancionados pelos americanos, a tarifa poderá subir ainda mais.
Fases da negação, raiva e aceitação
Dificilmente Trump mudará de ideia e revogará sua decisão. Todas essas ações foram tomadas após muita reflexão e análise de seus desdobramentos. O que se sabe é que esse foi apenas o primeiro passo. Os Estados Unidos aguardam a reação brasileira e, se julgarem que não foi adequada, poderão escalar para novas sanções.
Quem foi atingido pelas medidas deve estar agora no primeiro estágio de uma situação que pode ser comparada ao “luto”, fenômeno estudado pela psiquiatra Elisabeth Kübler-Ross. De modo geral, com pequenas variações, as fases são: negação, raiva e aceitação. Passada a fase da negação, quando há resistência em acreditar que o fato realmente ocorreu, virá a raiva, contra si mesmo ou contra outros indivíduos, até chegar à aceitação, o momento em que se toma consciência da nova realidade.
Opiniões divergentes
Quem acompanhou o noticiário nos últimos dias deve ter observado um desencontro de opiniões. Alguns comentaristas se dedicaram a culpar exclusivamente Donald Trump, alegando que ele está interferindo na soberania brasileira e que não teria o direito de agir dessa forma contra um país democrático, com dois séculos de parceria com os americanos.
Outros, entretanto, buscam compreender as verdadeiras causas. Analisam a carta enviada por Trump a Lula em 9 de julho e tentam extrair dali os motivos que o levaram a revogar vistos de entrada de autoridades brasileiras nos Estados Unidos, aplicar a Lei Magnitsky e impor a tarifa de 50%. Pela ordem apresentada na carta, as razões são diferentes das destacadas pela maioria dos analistas.
Os verdadeiros motivos
A primeira exigência é o fim imediato da caça às bruxas movida contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Em seguida, menciona o ataque às eleições livres, a violação da liberdade de expressão dos norte-americanos e as ordens de censura secretas e ilegais a plataformas de mídia social dos EUA. Só então aparece a aplicação da tarifa contra as exportações brasileiras.
Esses debates continuarão nos próximos dias. Se as tentativas de aproximação com os americanos seguirem como têm ocorrido até aqui, insistindo apenas nos aspectos comerciais, provavelmente serão malsucedidas. E, então, surgirá um impasse: estaria o Judiciário brasileiro disposto a alterar a linha que vem adotando?
Nem o futebol escapa
Antes da implementação das sanções, não havia nenhuma chance de mudança. Mas, se não houver outra saída, alguém terá de ceder. A população não pode ser penalizada por essa posição intransigente das nossas autoridades.
Como a situação precisará chegar a um termo, alguma solução deverá surgir à mesa de negociação. Até agora, nenhuma voz ponderada se destacou com propostas viáveis. Resta torcer para que essa mente iluminada apareça com boas ideias, e que os responsáveis pelos destinos do país tenham a humildade e a grandeza de acatá-las.
Se não por outro motivo, já circulam alarmes de que Trump poderá recusar pedidos de vistos dos jogadores que defenderão a seleção brasileira na Copa do Mundo de Futebol. Deve ser apenas sensacionalismo, mas uma decisão como essa mexeria muito com o sentimento dos brasileiros. Neste momento, o que não falta é informação fantasiosa. Em todo caso... Siga pelo Instagram: @polito
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