Proibição

Veja os impactos da proibição da venda de moluscos no Litoral de SP

Por conta da Maré Vermelha o governo proibiu a comercialização de moluscos bivalves

Reserva extrativista de ostras em Cananeia e a direita prato do restaurante da comunidade - Imagem: Reprodução/ G1
Reserva extrativista de ostras em Cananeia e a direita prato do restaurante da comunidade - Imagem: Reprodução/ G1

Maria Clara Campanini Publicado em 15/08/2024, às 13h06


Em estudo técnico foi encontrado a alta concentração de microalgas tóxicas em quatro cidades do Litoral de SP Peruíbe, Cananeia, Itanhaém e Praia Grande. Em reserva extrativista em Cananeia, Sidnei Coutinho, que trabalha com ostras disse “Enquanto isso, nós vamos nos virando”.

Os moluscos bivalves vindo de Peruíbe, Cananeia, Itanhaém e Praia Grande teve venda proibida em todo Estado de São Paulo. A ordem vale para os estoques feitos a partir do dia 30 de julho.

Nesta e terça (13) e quarta-feira (14), as equipes da Coordenadoria de Defesa Agropecuária da SAA fizeram novas coletas de amostras em fazendas marinhas nas regiões do litoral. Ainda está semana o material vai ser encaminhado ao laboratório.

Ao g1, o coordenador da Associação do Quilombo e Resex Mandira, Sidnei Coutinho, disse que trabalha com extração de ostras em mangue de Cananeia. Os moluscos são vendidos para todo litoral paulista, na cidade, tem um restaurante onde o cargo chefe é ostras.

Em relato Sidnei diz, que em certas épocas do ano é comum ver a Maré Vermelha. Mesmo que a sua produção seja em estuário as vendas acabam sendo prejudicadas quando o governo recomenda a paralisação de consumo de moluscos.

Segundo Sidnei, está é a primeira proibição que se lembra na cidade. O impacto já é sentido, pois 80% da renda da comunidade vem da venda de ostras.

"A gente acaba não conseguindo comercializar [...]. Enquanto isso [o resultado das análises não sai], nós vamos nos virando, trabalhando com turismo de base comunitária e apenas com visitação, não podendo oferecer a ostra no nosso cardápio", relata ele.

Paula Monteiro, dona do restaurante Ponto das Ostras, também localizado em Cananeia, passa por um problema parecido. Ao saber da recomendação do não comercio de moluscos, na última sexta-feira (9) Paula já tirou o atrativo de seu cardápio.

"O meu chamariz é muito a ostra, tanto que eu faço caipiroska de ostra, o meu carro-chefe da casa. É uma coisa totalmente exótica, caipirinha de cataia [planta] e ostra", falou.

Mesmo sabendo que o impacto no seu negócio é grande, preferiu parar a comercialização das ostras e mexilhões em seu restaurante.

"Eu acredito que é melhor a gente deixar a natureza se recuperar e garantir que esses produtos estejam mais seguros, mesmo que isso afete a nossa economia. Achamos melhor preservar o ecossistema de Cananeia, que é muito rico, especialmente os frutos do mar", relatou Paula.

Mesmo em cidades que a proibição não é feita, como Santos, a venda dos moluscos está sendo afetada. No Mercado de Peixes Municipal, Alex Viera dono de Box, precisou readaptar os produtos oferecidos. Quando a demanda existe, funcionários comprar as ostras de Cananeia para vender, mas como alerta do governo o serviço foi impossibilitado.

Outro produto que não vende mais é marisco, o fornecedor fica no sul do Brasil, onde também teve o fenômeno da Mare Vermelha. De acordo com Alex, esses fornecedores já sabiam da possibilidade e alertaram os clientes com antecedência

"Afetar, sempre afeta um pouco. Mas a gente trabalha com as mesmas pessoas que fornecem marisco para nós há mais de 30 anos. Então, a gente já tinha essa informação [...]. A gente já nem pede, nem vem, para a gente não ter nenhum tipo de problema", falou.