Guarujá e Santos concentram maior número de mandados; esquema usava barcos e veleiros para enviar cocaína à Europa e África
Lívia Gennari Publicado em 29/04/2025, às 15h29
A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (29), a Operação Narco Vela, que tem como objetivo desarticular uma organização criminosa especializada no tráfico internacional de drogas através de rotas marítimas. A ação é realizada simultaneamente em cinco estados brasileiros: São Paulo, Rio de Janeiro, Maranhão, Pará e Santa Catarina. A operação também acontece em três países: Estados Unidos, Itália e Paraguai.
Mais de 300 policiais federais e 50 policiais militares do estado de São Paulo participam da ofensiva, que cumpre mandados de prisão temporária e de busca e apreensão que foram expedidos pela 5ª Vara Federal de Santos. A Justiça também determinou o bloqueio de bens e ativos do grupo, que podem alcançar o valor de até R$ 1,32 bilhão.
Mandados cumpridos:
A operação se concentra fortemente no litoral paulista, especialmente na Baixada Santista. Ao todo, os mandados estão distribuídos em 11 municípios do estado de São Paulo:
Apreensões e prisões
Além das drogas, a Polícia Federal apreendeu veículos de luxo, como uma Ferrari avaliada em R$ 4,5 milhões e uma Lamborghini Urus, além de embarcações, imóveis e equipamentos eletrônicos. Até o momento, 23 pessoas foram presas, entre elas o influenciador e contador Rodrigo Morgado, detido por posse ilegal de arma de fogo.
O esquema
De acordo com a Polícia Federal, a cocaína era guardada em pontos estratégicos na Baixada Santista e depois levada por lanchas até o alto-mar, onde a carga era passada para embarcações maiores, como veleiros e barcos de pesca que possuíam uma estrutura para atravessar oceanos.
Muitos desses barcos eram conduzidos por pescadores aliciados pela quadrilha, atraídos pela promessa de ganhar muito dinheiro. Para burlar a fiscalização e garantir que a droga chegasse ao destino, o grupo usava tecnologia de rastreamento por satélite, que permitia acompanhar o trajeto das embarcações em tempo real. Próximo a costa da África ou das Ilhas Canárias, o entorpecente era repassado para lanchas menores, que faziam o desembarque final nos países de destino, dificultando a ação das autoridades locais.
Colaboração internacional
A operação é resultado de um trabalho conjunto com agências internacionais como a DEA (Drug Enforcement Administration) - agência federal dos Estados Unidos responsável por combater o tráfico de drogas, a Marinha dos Estados Unidos, a Guarda Civil Espanhola e a Marinha Francesa. As investigações tiveram início em fevereiro de 2023, após a apreensão de três toneladas de cocaína em um veleiro brasileiro interceptado próximo ao continente africano.
Segundo a PF, os envolvidos devem responder, de acordo com o grau de participação no esquema, por tráfico internacional de drogas, associação ao tráfico e integração em uma organização criminosa.
Leia também
Ser feio na vida
Gustavo Petro defende legalização da cocaína em Manaus
Trio tenta fugir pela mata, mas é preso com mais de mil porções de drogas em Cananéia
Ação rápida de vítima salva celular, mas não impede roubo de aliança durante assalto em Santos
Procedimento estético termina em tragédia: mulher morre de infecção generalizada