Federação Paulista vive críticas intensas e cenário eleitoral se torna imprevisível

A falta de calendário e o apoio concentrado em poucos clubes aumentam o descontentamento dentro da federação

Próxima eleição na FPF promete ser a mais democrática da história, com foco na representação de todos os clubes do estado - Imagem: Reprodução/Jovem Pan
Próxima eleição na FPF promete ser a mais democrática da história, com foco na representação de todos os clubes do estado - Imagem: Reprodução/Jovem Pan

Gabriela Nogueira Publicado em 01/10/2025, às 17h06


O clima político na Federação Paulista de Futebol (FPF) se tornou tenso. Dirigentes de diferentes regiões do estado, insatisfeitos com a atual gestão, iniciaram um movimento que pode romper décadas de hegemonia e abrir uma eleição inédita, sem candidatura única.

As críticas à administração se acumulam. Falta de calendário, apoio insuficiente ao interior, decisões centralizadas e privilégios a poucos clubes estão entre os principais pontos apontados. O objetivo do grupo é construir uma federação mais equilibrada, que dê voz a todos os segmentos do futebol paulista, da capital ao interior.

A crise ganhou força com a saída de Wilson Marqueti, ex-vice-presidente de Relações Governamentais. Em sua saída, ele criticou a gestão do presidente Reinaldo Carneiro Bastos, apontando falhas no apoio aos clubes, no desenvolvimento do futebol feminino e na profissionalização da arbitragem. Uma fonte próxima à entidade afirmou ainda que “a federação se tornou sinônimo de isolamento e autoritarismo”.

O grupo lançou o lema Muda Já, prometendo unir lideranças para encerrar quatro décadas de concentração de poder. A proposta é recuperar a legitimidade da FPF, fortalecer sua posição junto à CBF e tornar a gestão mais democrática e transparente.

“Não podemos aceitar a continuidade de um modelo que deixa os clubes de lado. O futebol paulista é diverso e pertence a todos, da capital ao interior. Está na hora de uma gestão que represente essa grandeza”, afirmou um dirigente envolvido no movimento.

Além das críticas políticas, pesam contra Bastos a polêmica alteração no estatuto que lhe abriu caminho para um terceiro mandato, restringindo a concorrência, e a perda de posições estratégicas no cenário nacional e internacional. Ele deixou de ocupar a vice-presidência da CBF e perdeu seu assento no Conselho da Conmebol após a interferência externa na final do Paulistão, episódio que agravou seu desgaste.

O próximo pleito deve ser o mais aberto da história da entidade, com a promessa de devolver ao futebol paulista um processo eleitoral realmente democrático.