Justiça decreta prisão de oitavo suspeito envolvido na morte de ex-delegado em Praia Grande

Ruy Ferraz Fontes foi morto a tiros; polícia investiga atuação do PCC na execução; quatro pessoas já foram presas

Ruy Ferraz Fontes teve carreira marcada pelo combate ao crime organizado - Imagem: Paula Vieira/SSP
Ruy Ferraz Fontes teve carreira marcada pelo combate ao crime organizado - Imagem: Paula Vieira/SSP

Lívia Gennari Publicado em 24/09/2025, às 09h56


A Justiça de São Paulo emitiu nesta terça-feira (23), o oitavo mandado de prisão ligado à execução do ex-delegado Ruy Ferraz Fontes, morto no último dia 15 de setembro em Praia Grande, no litoral paulista. O alvo é o quarto suspeito ainda foragido, cuja identidade não foi divulgada pelas autoridades.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), além do novo mandado de prisão, o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) cumpriu buscas e apreensões e ouviu novas testemunhas. Até o momento, quatro pessoas já foram presas e outras quatro continuam foragidas.

Entre os presos estão William Silva Marques, proprietário da casa usada como QG do crime; Rafael Marcell Dias Simões, que se entregou no último sábado (20); Dahesly Oliveira Pires, apontada como responsável por buscar o fuzil utilizado na execução; e Luiz Henrique Santos Batista, conhecido como Fofão, que teria dado carona a um dos criminosos após o assassinato.

Outros quatro suspeitos seguem foragidos, incluindo Felipe Avelino da Silva, conhecido como Mascherano, e Flávio Henrique Ferreira de Souza, que tiveram material genético encontrado em um dos veículos usados no crime; e Luis Antônio Rodrigues de Miranda, acusado de solicitar que uma mulher buscasse um dos fuzis.

Linhas de investigação

A SSP não descarta a participação de agentes públicos na execução. Ruy Ferraz, que atuava atualmente como secretário de Administração em Praia Grande, mantinha inimizades dentro e fora da polícia e era considerado inimigo número 1 do Primeiro Comando da Capital (PCC) quando ainda exercia funções na Polícia Civil.

Entre as linhas de investigação sobre o crime, as autoridades avaliam a possibilidade de vingança da facção criminosa. Ruy Ferraz foi o primeiro delegado a investigar o PCC no estado, nos anos 2000, e, em 2019, foi jurado de morte pela célula Sintonia dos 14, após coordenar a transferência de líderes da facção para presídios federais de segurança máxima, incluindo Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola.

Emboscada no litoral

O ex-delegado foi executado enquanto tentava escapar de uma emboscada. Ao colidir o carro que dirigia contra um ônibus, foi atingido por pelo menos 12 disparos de fuzil feitos por criminosos que desceram de outro veículo.

Com mais de 40 anos de carreira na Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz acumulou experiência à frente de divisões como Deic, Denarc, Homicídios e Decap, e ficou conhecido pelo combate ao crime organizado no estado. A investigação segue em andamento, com a análise de imagens de câmeras de segurança para entender a dinâmica do crime.