Cultura

Recursos visuais ajudam no sucesso das apresentações

Descubra como utilizar recursos visuais para reforçar sua mensagem e manter a atenção do público

Algumas edições do livro “Recursos audiovisuais” - Imagem: Arquivo Pessoal
Algumas edições do livro “Recursos audiovisuais” - Imagem: Arquivo Pessoal
Reinaldo Polito

por Reinaldo Polito

Publicado em 04/07/2025, às 09h54


Em 1995, publiquei um livro intitulado Recursos audiovisuais nas apresentações de sucesso. Revisei a obra várias vezes, até chegar à 7ª edição. Desisti. A cada atualização, percebia que as lições já não serviam mais para orientar os oradores. A velocidade das transformações tecnológicas tornava o conteúdo obsoleto antes mesmo de a tinta secar na gráfica.

Só para você ter uma ideia, na 4ª edição o livro ainda tratava de retroprojetores, projetores de slides e projetores de originais. As orientações começaram a soar quase cômicas. Uma grande novidade era o retroprojetor mais leve, fácil de transportar, silencioso e, pasme, com linhas bonitas e harmoniosas.

Novidades que nasciam fora de moda

Os projetores de slides, então, eram considerados um avanço no mundo das apresentações. Afinal, para a época, era um recurso muito útil, especialmente nos eventos médicos. Permitiam ampliar nas telas imagens reais, como fotografias, que provocavam forte impacto no público e ajudavam a transmitir os detalhes com precisão. O mais usado era o tipo carrossel, com capacidade para até 80 slides.

Na 7ª edição, publicada em 2010, a grande novidade era o videocassete, o DVD player e, pegando pelo rabo antes de ir para a gráfica, o Blu-ray player. Assim que chegou às livrarias, esses aparelhos já começavam a sair de cena. Corri para incluir os computadores, mas percebi que seria uma luta inglória. Tudo ali ficaria velho em pouco tempo.

Hoje, os exemplares sobrevivem nos sebos. Nem imagino o que motivaria alguém a comprá-los. Talvez algum colecionador, interessado em preservar a história desse tema. Ou quem sabe um pesquisador, disposto a estudar a evolução dos recursos audiovisuais no mundo das apresentações.

Os visuais pareciam revolucionários, mas já nasciam desatualizados

Os visuais pareciam revolucionários, mas já nasciam desatualizados

Mas será que não restou nada para ser aproveitado?

Sim, há ensinamentos que continuam muito úteis, para quem faz apresentações nas reuniões corporativas, nas salas de aula ou diante de grandes plateias. Veja a seguir algumas recomendações que permanecem atuais, independentemente da tecnologia que você utilize.

1 — Os recursos visuais devem reforçar a mensagem, destacar informações importantes e ajudar os ouvintes a se lembrarem dos dados por mais tempo.

2 — O uso deve ser moderado. É verdade que um número maior de telas permite esquematizar melhor a apresentação, mas também pode limitar a interação com o público.

3 — Menos é mais. Se o orador conseguir trabalhar com um número reduzido de visuais, terá mais liberdade para conversar com a plateia e explorar melhor as circunstâncias, sem ficar preso à projeção.

4 — As projeções ajudam, sobretudo, na comparação de números, apresentação de dados estatísticos, destaque de informações essenciais, esclarecimento de conceitos e orientação do raciocínio.

5 — É preciso ter critério. O visual precisa ser adequado à circunstância, visível para todos, claro, preciso, eficiente e esclarecedor.

6 — Simplicidade é regra. Um bom visual deve ter título, legendas, poucas palavras, poucas linhas, uma ideia central, número limitado de ilustrações e, se possível, poucas cores.

7 — O formato deve ser adequado à mensagem. Os principais tipos de visuais são: tabelas, gráficos de barras (horizontais ou verticais), gráficos de pizza (ou setoriais), gráficos de linhas, mapas, fluxogramas e desenhos.

8 — Quadro branco e flip chart continuam úteis. Servem muito bem para pequenas reuniões ou treinamentos, pois favorecem a interação. As informações sendo construídas ali, na frente dos ouvintes, prendem mais a atenção.

9 — É mito que o visual não pode ser lido. Cada pessoa tem uma velocidade própria de leitura. Se o orador não ler o que está projetado, alguns ouvintes ainda estarão lendo, enquanto outros já terminaram e, na falta do que fazer, começam a pensar nos próprios problemas e acabam se desligando da apresentação.

10 — Olhar para as pessoas é fundamental. Depois de ler o que está na tela, o orador deve retomar imediatamente o contato visual com os ouvintes. Quanto mais olhar para o público, mais a plateia permanecerá atenta.

Pesquisas amplamente divulgadas na área da comunicação indicam que, quando a mensagem é transmitida apenas verbalmente, depois de três dias as pessoas se lembram, em média, de 10% do conteúdo. Já quando essa mesma mensagem é apoiada por recursos visuais, esse índice pode chegar a 65%.

Fica claro, portanto, que os recursos visuais são extremamente importantes para o sucesso de uma apresentação. Mas, se não forem usados com critério, podem fazer mais mal do que bem.

O exagero deve ser evitado. Alguns palestrantes recorrem a todos os sons, cores, movimentos e efeitos que encontram. Criam apresentações tão espetaculares que, no fim, ninguém se lembra do conteúdo. Quando o público finalmente se concentra no raciocínio, surge um raio colorido, acompanhado de um som ensurdecedor, que interrompe o pensamento e dispersa a atenção.

Você é o protagonista, não o visual

Por isso, atualize-se, acompanhe as novidades, mas, acima de tudo, seja criterioso. Lembre-se de que, numa apresentação, o mais importante é você. Os visuais devem ser sempre coadjuvantes, jamais protagonistas.

Não use um recurso visual apenas para enfeitar a exposição, nem para substituir informações que poderiam ser transmitidas verbalmente. Também não o utilize como simples roteiro ou, o que é pior, apenas para imitar outros palestrantes que recorrem a ele o tempo todo. Tecnologia encanta. Mas quem convence é você. Siga pelo Instagram: @polito